Na primeira eleição de Barack Obama à presidência dos
Estados Unidos, ele inovou e usou à larga a internet como instrumento para
difundir seus pensamentos. O fato gerou uma ampla repercussão, na medida em que,
de algum modo, teria sido o primeiro instrumento eletrônico usado numa campanha
eleitoral. No Brasil as redes sociais, embora utilizadas, eram então incipientes
para uso com tal objetivo e parece que continuará sendo nas eleições deste ano.
O que não significa dizer que não participem, mas de outro modo: ao invés de
apoio as partidos políticos, porque há uma proibição legal, para outros fins
sociais, como induzir a população jovem, ou nem tanto jovem, a participar de
movimentos que terão, sem dúvida, reflexos na campanha.
Nos movimentos de rua que abalaram o Brasil em junho de
ano passado, e que depois permaneceram, sem, no entanto, fôlego maior, porque se
transformaram de manifestações largamente aceitas pela sociedade em movimentos
controlados – ou sem controle – por vândalos cujo objetivo era a destruição de
bens públicos, ou particulares e pichações, entrando em confronto com a Polícia
Militar e, com isso, convulsionando ruas e praças. A presunção é de que as redes
sociais sejam utilizadas para outras funções, como convocações para participação
de movimentos de rua, que terão, bem provavelmente, conotações políticas fortes,
mas com a exclusão dos partidos e, sim, com a imposição de vexames (este me
parece o termo correto) para a correção de desvios, no Legislativo e n o
Executivo.
Apesar das manifestações de rua, a principio os dois
poderes ensaiaram tomar decisões, mas ficou por aí. A presidente Dilma Rousseff
falou em mudanças estruturais, em plebiscito, quando não havia tempo para a
consulta popular diante do calendário eleitoral, ou um referendo e coisas assim,
mas nada se fez. Do mesmo modo ocorreu com o Poder Legislativo que “ameaçou” uma
reforma política reivindicada pelas ruas e tudo não passou de engodo, tanto de
um poder como do outro. Pelo contrário, continuaram a acontecer os mesmos vícios
que as ruas exigiram mudanças. Os mesmos vícios, senão - me atrevo dizer -
decisões piores, que atinge um Legislativo emasculado, principalmente este
poder, por fatos negativos que se repetem.
A classe política permanece tal como antes, ou, quiça,
pior, como se observa no momento com as bizarrices e incompetência da oligarquia
dos Sarney, eleito, (o velho senador) pelo Amapá que lá não aparece a não ser em
eleições para renovar o seu mandato. Sua filha, Roseana, pinta e borda no
Maranhão, tido como feudo da família que se transformou nas últimas semanas em
foco da mídia.
Um sinal de que as redes sociais deverão, ou poderão
ter, uma atuação firme durante a campanha eleitoral, é o novo fenômeno (não tão
novo assim) que se observa no país, como os “rolezinhos” que, no último final de
semana, levaram ao fechamento diversos shoppings, principalmente no Rio e São
Paulo. Por ora, são movimentos pacíficos de adolescentes que, no entanto,
amedrontam os comerciantes. Isso leva a supor que os movimentos sociais ganharão
força no período da Copa do Mundo. Se tal acontecer e se houver confrontos com a
polícia, atrairá o interesse da mídia internacional que se deslocará para
cobrir, por estas bandas, o evento da Copa.
Se isso acontecer a ressonância dos movimentos será
política, fatalmente influenciando nas eleições de outubro.Basta verificar que,
nas três semanas de junho passado, a presidente que estava comodamente com 65%
de apoio popular desabou para 31%, percentual que ela vem recuperando pouco a
pouco. Se acontecer em junho-julho deste ano, só teremos campanha
político-eleitoral durante dois meses, agosto-setembro, e ela poderá ser vítima
do que vier a se registrar, até porque tudo começou com ela, na abertura da Copa
das Confederações, no Estádio Mané Garrincha, onde a presidente foi vaiada
intensamente.
A partir daí, o movimento se espraiou Brasil afora,
lembrando o movimento dos carapintadas pelo impeachment de Collor. Assim posto,
é possível que este ano não seja só de Copa e eleição, mas, principalmente, de
uma eclosão social que já se anuncia pelas redes sociais, como demonstra o
fenômeno dos “rolezinhos.”
*Coluna de Samuel Celestino publicada no
jornal A Tarde desta terça-feira (21)
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