domingo, 16 de junho de 2013

O BRASIL VOLTOU A CRESCER


 


Em setembro de 2008, enquanto toda a imprensa afirmava que o Brasil seria fortemente atingido pela crise, este colunista discordou e afirmou, em palestra na Ademi e artigo nesta coluna, que havia pessimismo demais e que os fundamentos da economia brasileira eram tão bons que  o país continuaria crescendo. Não deu outra, o Brasil esnobou a crise, a ponto do ex-presidente Lula afirmar tratar-se de um “marola”.   No momento atual, está acontecendo algo semelhante e  este colunista vai de novo contra a corrente  e afirma que, ao contrário do que se apregoa, o país está em pleno processo de retomada da atividade econômica. Ressalte-se, em primeiro lugar,  que o cenário internacional está se tornando propício a essa retomada, com recuperação da economia norte-americana, que já registra crescimento no PIB e no emprego e, inclusive, aumento nos preços dos imóveis, cuja desvalorização era o símbolo da crise. O crescimento da economia americana, que representa 1/3 da economia mundial, vai puxar o crescimento da China para cima abrindo mais espaço para os países emergentes. É verdade que a União Europeia continua em crise, mas, em questões econômicas, o velho continente sempre reage com atraso. Se o sinal está ficando verde no mercado internacional e a alta do dólar é um movimento especulativo cujos, efeitos, para quem não se endividou em moeda forte, é de pouco significado, no Brasil começa a esverdear. É certo que esperava-se mais do PIB do primeiro trimestre de 2013, que cresceu apenas 0,6%, mas quem ler os números com cuidado vai ver que a economia está deslanchando. A expansão dos investimentos, que garante o crescimento futuro, cresceu no primeiro semestre mais de 4%, a agropecuária expandiu-se em 9,4%, e a indústria, que alavanca o PIB, voltou a ter dinamismo.  A pesquisa industrial do IBGE mostra que no primeiro quadrimestre de 2013 a indústria brasileira cresceu 1,6%, em relação ao ano passado, taxa que anualizada representaria um crescimento de 5% ao ano, e, o mais importante, a indústria paulista, motor da indústria brasileira, cresceu 3,0% no período. Em abril, a indústria brasileira cresceu 8,4% e a indústria paulista expandiu-se em 10% em relação a 2012. E em economia, quando os setores produtivos crescem e o investimento também, tudo o mais vai atrás. Sim, mas há condicionantes, diria o leitor, lembrando o aumento na taxa de juros, a inflação, e a cotação do dólar.  No Brasil, o aumento dos juros tem mais efeito nos preços do que no crescimento e a tendência da Selic é cair nos próximos meses porque a inflação, medida pelo IPCA, já está caindo e ficou em 0,37% em maio, ante 0,55% em abril. Quanto ao câmbio, a alta do dólar é nitidamente especulativa e, mesmo que o patamar da cotação se leve, é ótimo que o real se desvalorize e assim aumentem as exportações brasileiras. Por tudo isso, perdoe-me os articulistas das páginas de economia dos grandes jornais do país, mas, ao que parece, a economia brasileira voltou a crescer.
                                                   
            ECONOMIA E POLÍTICA
A tese de que é a economia que ganha eleição ainda não está provada, muito menos comprovada, como, aliás, ficou claro em Salvador que, apesar de ter a menor taxa de desemprego dos últimos anos, elegeu um candidato de oposição, ainda que, no caso, outros problemas mais graves estivessem em jogo. Aliás, é curioso que o aumento da tarifa de ônibus, um fato econômico, gere passeatas e mobilização dos jovens enquanto  a violência generalizada nas cidades brasileiras, que impõem medo e insegurança em toda a parte, não mobiliza um jovem seque. Mas o fato é que no Brasil  a economia tomou tamanha proporção que reduziu a importância dos demais assuntos. Nas eleições americanas, por exemplo, a economia é importante, mas problemas como a violência, o gasto público, a corrupção, a escuta telefônica e até a vida sexual dos candidatos contam e, as vezes, muito mais do que os problemas econômicos. É hora, portanto, do Brasil colocar em pauta outros assuntos, como violência urbana, competitividade, obras de infraestrutura, etc.
                                                 
         A EMENDA DO NORDESTE
Na qualidade de constituinte, o ex-deputado Joaci Góes, conseguiu uma façanha: colocar na Constituição de 1988 um dispositivo que obriga a União a destinar ao Nordeste um percentual do orçamento correspondente à sua participação na população brasileira. O dispositivo virou, no entanto, letra morta.  Em recente encontro na Associação Comercial, Joaci defendeu com toda a propriedade, a necessidade de retomar a discussão sobre o assunto. O dispositivo é de difícil aplicação ao pé da letra, pois exigiria que cerca de 30% dos recursos orçamentários da União fossem destinados ao Nordeste quando hoje são destinados menos de 15%, mas, sob o ponto de vista político, dá um forte poder de barganha e negociação para que a região tenha, pelo menos, algo como 25% dos recursos. 
                                      
A BAHIA E AS ASSOCIAÇÕES DE ECONOMISTAS

Tenho acompanhado na imprensa as tentativas do Conselho Regional de Economia da Bahia de se posicionar mais ativamente, com declarações e análises, sobre as questões econômica da Bahia e do Brasil. Esta coluna aplaude e espera que o Corecon-Ba seja mais proativo, realizando seminários, cursos, encontros, discussões e palestras, que não se restingam apenas ao dia do Economista. É isso que a Bahia quer, uma instituição atuante que, a exemplo da OAB e da ABI, se manifeste, sobre a reforma do ICMS, a MP dos Portos, a lei dos Royalties e todos os assuntos econômicos que dizem respeito a Bahia
ArmandoAvena
BahiaEconômica

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