terça-feira, 31 de março de 2015

BRUNO DAUSTER – SECRETÁRIO ESTADUAL DA CASA CIVIL


   Fonte:Bahiaeconomica
 

Bahia Econômica: Nos últimos dias saíram notícias na imprensa, dando conta de que estariam ocorrendo demissões na FIOL, devido ao Governo Federal não estar fazendo repasses. Isso significa que o ajuste fiscal pode comprometer o cronograma da FIOL? A inauguração da obra ainda está prevista para 2016?

Bruno Dauter: Nós acreditamos que o ajuste fiscal preservará algumas obras estruturantes de grande importância e nesse sentido acreditamos que a FIOL não virá a ser prejudicada. De toda forma o governo vai fazer o maior esforço possível para demonstrar ao governo federal, a importância de se manter o cronograma da FIOL e manter os investimentos previstos, para que possamos concluir toda a obra no prazo previsto, que seria 2017.
 
B.E: Se permanecer nesse patamar atual, a queda do preço do minério de ferro inviabiliza o projeto da BAMIN mineração.  Além disso, a empresa tem problemas na justiça inglesa. Sem o projeto da BAMIN a FIOL fica sem carga que viabilize sua operação. Existem outras cargas que possam viabilizar a ferrovia?
 
B.D: Pelas informações que nós temos o projeto BAMIN consegue ficar de pé a longo prazo, independente do preço atual do minério de ferro. Evidentemente, o minério de ferro sofre variações de preço em determinadas conjunturas e nesse momento o valor dele está realmente em um vale bastante profundo, porém, todo mundo que acompanha esse mercado sabe essas variações quando são muito intensas, tendem a ser corrigidas, permitindo viabilizar largamente o projeto BAMIN. Em relação a questão de problemas na justiça, não temos nenhum detalhe maior sobre isso, mas as informações que nos chegam dão conta de que esses problemas estão bastante avançados em vias de superação.
 
B.E: O Porto-Sul ainda não começou. A BAMIN comunicou ao estado que não vai construir o segundo terminal?
 
B.D: Pelo contrário, eu diria que a BAMIN nos comunicou que ela continua tocando todos os projetos de engenharia, todos os estudos e que ela pretende ainda até o final do ano, dar continuidade ao projeto do Porto-Sul. E cabe lembrar que o atraso que se teve na implantação do Porto-Sul não foi devido a qualquer tipo de problema contratual com a BAMIN, o que nós tivemos de fato foi um tempo muito largo para obtenção das licenças ambientais e com isso interferiram na previsão de conclusão de algumas obras. 
 
B.E: Se o Porto-Sul só tiver um terminal, qual a engenharia financeira proposta pela empresa de consórcio para construção do Porto?
 
B.D: Nós temos hoje firme no Porto- Sul basicamente a BAMIN. Houveram vários potencias interessados em fazer o segundo terminal, mas, nas várias negociações que foram desenvolvidas, eles contavam também com a utilização do minério da BAMIN. Nesse sentido, nós estamos reestudando um desenho de implantação progressiva dos terminais, em função de demanda efetivamente verificada no uso dos mesmos. 
 
B.E: Se o Porto-Sul começasse hoje, ficaria pronto em 2018. E a Ferrovia Oeste-Leste em 2016. Teríamos uma ferrovia sem Porto?
 
B.D: Não, em verdade o que nós estamos discutindo com a BAMIN é que o ano de 2018 nos parece uma data um pouco longínqua e que seria importante acelerar os processos construtivos, acelerando técnicas que permitissem reduzir prazos, para que no máximo em 2017, nós já tivéssemos operações portuárias no Porto-Sul. 
 
B.E: O governador Rui Costa prometeu que lutaria pela construção do chamado eixo sul do Rio São Francisco. Qual o andamento desse projeto? 
 
B.D: O projeto hoje já existe, é um projeto muito interessante, que no primeiro momento se iniciava no largo do Sobradinho e ao longo do tempo foi sofrendo uma série de reestudos, o que permitiu que no seu desenho atual ele tenha tido uma redução de cerca de 50 km em sua extensão total e que ele tenha também encontrado uma possibilidade de encaminhamento que exige recalques para transposição de serra Ou seja, hoje nós temos um projeto que vai se desenvolver basicamente a partir do reservatório conhecido como RC800 e diante desse reservatório, que deverá ser concluído daqui a aproximadamente em 3 anos, ele irá todo até a região de São José do Jacuípe.  E em uma primeira etapa, ele irá permitir definitivamente, afastar o fantasma da falta de água para consumo humano na cidade de Bonfim. 
 
B.E: Em relação aos projetos de mobilidade urbana, especialmente com relação a integração entre ônibus e metrô, já existe uma proposta?
 
B.D: Existem propostas que estão sendo discutidas com a prefeitura. Do ponto de vista técnico, a integração está bastante avançada, nós já temos hoje uma ideia razoavelmente precisa de como será feita essa integração física e do ponto de vista da integração tarifária existe um processo de discussão com a prefeitura, que ainda está se desenvolvendo. Mas, eu acredito que a última reunião que foi realizada entre o governador e o prefeito de Salvador permitiu definir um horizonte claro para conclusão desse processo, porque ficou em princípio fixado que no momento da inauguração da Estação Pirajá, se faria também o início da integração entre o sistema de transporte coletivo por ônibus e o metrô. 
 
B.E: A Bahia tem sido afetada pelo ajuste fiscal e pela operação lava-jato, com isso, projetos como o estaleiro enseada já demitiram muitas pessoas. Como o governo pretende enfrentar essa questão?
 
B.D: Em primeiro lugar , eu acho que o Brasil precisa estar extremamente atento aos efeitos perversos que podem ocorrer, em termos do desenvolvimento nacional,  se houver uma destruição de toda engenharia brasileira em função seja do que for. No meu entender, claro que a operação Lava-Jato, ao mostrar erros graves que foram cometidos, precisa punir os responsáveis por isso. Porém, nós temos que separar as coisas e preservar a indústria naval brasileira, assim como os contratos da Petrobras com os estaleiros e não podemos permitir que esses contratos migrem para outros países, levando pra lá a riqueza e deixando aqui o desemprego. É fundamental que se encontre soluções que permitam a continuidade das operações dessas empresas, que são extremamente importantes não só para a Bahia, mas também para o recôncavo, para o Nordeste e para o Brasil. 
 
B.E: Nesses primeiros meses do governo Rui Costa se nota que não foi iniciado nenhum novo projeto. E ao que parece haveria uma falta de integração entre as secretárias, por exemplo, o centro de convenções que ainda não foi decidido se haverá reforma ou uma nova construção. Como o senhor vê essa questão?
 
B.D: Não existe nenhuma falta de integração entre as secretarias. O estado tem um governador e cabe a ele tomar as decisões estratégicas, como vem sendo feito. No meu entender já existe uma decisão tomada de que o custo em fazer um novo Centro de Convenções seria tão elevado e nós continuaríamos da mesma forma tendo tantos problemas, em função da localização e das características construtivas, que você jamais conseguiria ter um Centro adequado a cidade de Salvador. Hoje a tendência é a utilização de centros de convenções horizontais em todo o mundo e nesse sentido a ideia que prevaleceu é a de que seja implanto, na medida em que avancem as negociações com o ministério da defesa e com a marinha do Brasil para a utilização da área do atual quartel dos fuzileiros, para implantação do centro de convenções do pilar, que inclusive será ligado através de uma passarela ao porto. E esse centro deverá ter uma capacidade entre 25 e 30 mil pessoas, o que já é algo bastante significativo.  
 
B.E: . Quais os projetos da sua secretaria que o senhor gostaria de destacar como importantes?
 
B.D: A Casa Civil não é uma secretaria de atividades finalísticas, nesse sentido, nós muito mais funcionamos como um apoio e um trabalho de coordenação e integração de várias outras secretarias, do que propriamente com projetos. 

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