O investimento será acrescido de R$ 100 milhões para abrigar a nova linha de produção
CLEIDE SILVA - O Estado de S.Paulo
Um mês e meio após iniciar as obras da fábrica de Camaçari (BA), a JAC Motors Brasil já anuncia alteração de planos. O investimento até agora previsto de R$ 900 milhões será ampliado em R$ 100 milhões para abrigar também uma linha de produção de caminhões de pequeno porte. A capacidade produtiva, antes de 100 mil automóveis por ano, será acrescida em 10%.
O primeiro caminhão a ser feito na unidade baiana é o T140, da categoria dos chamados Veículo Urbano de Carga (VUC), com capacidade de carga de 1,5 a 3,5 toneladas. O modelo começou a ser importado da China no fim do ano passado e, a partir de 2014, quando a fábrica iniciar operações, passará a ser nacional.
"Estudamos, futuramente, produzir também caminhões com 6 a 8 toneladas de capacidade de carga", informa o empresário brasileiro Sérgio Habib. Ele é o presidente do grupo SHC, que tem 66% das ações da JAC Motors Brasil, em parceria com a montadora chinesa, detentora das demais ações.
Segundo Habib, o mercado de VUCs - veículos de carga que podem rodar em centros metropolitanos com restrições para caminhões de maior porte - deve crescer nos próximos anos, diante da necessidade demonstrada por várias cidades de adotar a restrição.
Em 2012, o segmento vendeu cerca de 20 mil unidades, pois foi afetado pelas mesmas dificuldades enfrentadas pelo mercado geral de caminhões (mudança de tecnologia de motores que resultou em aumento de preços e restrições no financiamento durante parte do ano).
Ao todo, as vendas de caminhões caíram 19,5% em relação a 2011, somando 139,1 mil unidades. Para este ano, os fabricantes projetam alta de 7%. A categoria VUC, na opinião de Habib, deve vender perto de 35 mil unidades.
Linhas compartilhadas
Habib afirma que o investimento extra para a produção do T140, hoje vendido a R$ 69.900, não é elevado porque serão utilizadas as mesmas linhas de pintura e de montagem de cabine que farão os automóveis. "Só a linha de montagem final será separada", explica.
A JAC fará na Bahia as versões hatch e sedã da próxima geração do J3, automóvel que terá preços a partir de R$ 34 mil. "Vamos definir nos próximos meses se iniciamos as operações com os automóveis ou o caminhão, mas o prazo entre um e outro será curto." Por enquanto, está mantida a previsão de criação de 3,5 mil empregos na fábrica da Bahia.
A JAC tem 500 unidades do T140, mas não pretende trazer novo lote do produto importado, que tem tecnologia Euro 4. Desde o ano passado, os caminhões vendidos no País operam com o padrão Euro 5, mais avançado e menos poluente. "Para iniciar a produção, vamos adaptar o caminhão para o Euro 5 e também desenvolver sistemas de airbag, que passaram a ser obrigatórios neste ano."
Motor e transmissão serão feitos no Brasil pela Cummins e ZF, respectivamente. Ambas já são fornecedoras da JAC na China. O T140 disputa mercado com modelos como Hyundai HR, Kia Bongo e Iveco Daily.
De acordo com Habib, do total de R$ 1 bilhão a ser investido na fábrica, R$ 300 milhões virão dos dois sócios e o restante de financiamentos que estão sendo pleiteados com bancos de fomento, incluindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em setembro, outro fabricante chinês de caminhões, a Foton Motors, assinou protocolo de intenções para instalação de uma fábrica em Camaçari, com investimento de US$ 300 milhões.
Outras fabricantes do ramo com projetos locais anunciados são a DAF/Paccar (R$ 340 milhões no Paraná), Sinotruk (R$ 300 milhões em Santa Catarina) e SAG/Schacman (R$ 1 bilhão em Pernambuco).
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