Embalagens inteligentes, automóveis econômicos e equipamentos eólicos mais eficientes. Tudo de plástico. A indústria química investe para desenvolver novos materiais e aumentar a presença do produto no cotidiano.
Na Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas, as invenções enfrentam fila de espera de um ano para serem testadas nas fábricas-piloto.
Há 200 projetos na carteira, desde os que os cientistas chamam de "rupturas" --produtos ou procedimentos inéditos-- até tecnologias complementares às existentes.
Como cada dia de teste custa R$ 20 mil, os produtos que entram na fila passam por uma boa triagem. Portanto, o número de candidatos a invenções é ainda maior.
"Queremos manter a média de 20 novos produtos por ano. É importante porque fideliza o cliente", afirma Patrick Teyssonneyre, diretor de inovação para as áreas de negócios da Braskem.
A chamada química verde, que usa fontes renováveis na produção, é o principal foco da companhia. Em 2010, ela inaugurou em Triunfo (RS) a primeira fábrica de polietileno verde do mundo, substituindo o petróleo pelo etanol de cana como matéria-prima.
RENOVÁVEL
Desde então, dedicou-se ao desenvolvimento de outro tipo de plástico, o polipropileno, com fonte renovável. A primeira unidade deve ser inaugurada neste ano, com capacidade inicial para 30 mil a 50 mil toneladas/ano.
A química verde é apenas uma parte da química sustentável, que tem um conceito mais amplo. Hoje, a maioria dos plásticos é feita a partir do petróleo e não é reciclável. A indústria quer mudar isso.
A alemã Basf, por exemplo, desenvolveu um plástico biodegradável, obtido a partir de amido de milho, que se transforma em adubo orgânico após passar por uma usina de compostagem.
"A inovação vem não só da matéria-prima mas também da destinação final que se dá ao produto", diz Karina Daruich, gerente de plásticos biodegradáveis da Basf para a América do Sul.
PACOTE INTELIGENTE
Além da busca pela sustentabilidade, há uma corrida para apresentar soluções demandadas por alguns setores específicos. A indústria de alimentos é um deles.
O aumento da população mundial, que em 2050 chegará a 9 bilhões de pessoas, e a crescente necessidade de refrigeração e energia para conservar os alimentos exigirão embalagens que garantam maior vida útil aos produtos.
Além de conservar os alimentos por mais tempo, as embalagens avisarão o varejista ou o consumidor sobre o estado de conservação do produto ao mudar de cor.
Na área de energia, a indústria aposta na leveza do plástico.
Novas pás de turbinas eólicas, com até 180 metros de diâmetro, só serão viáveis se forem feitas de plástico, afirma o diretor de inovação para área corporativa da Braskem, Luis Cassinelli.
Se forem de metal, será impossível carregá-las.
Nos cabos de transmissão de energia, a tendência é que o metal, hoje utilizado para dar firmeza, seja substituído por fibras de carbono, mais leves e resistentes.
Publicação da SICM
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