domingo, 27 de janeiro de 2013

ANP confirma leilão das bacias de Tucano e do Recôncavo

O setor de petróleo e gás na Bahia já pode comemorar a decisão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) de incluir as Bacias de Tucano e do Recôncavo na 11ª rodada, que licitará blocos para exploração e produção nas bacias sedimentares de todo o país. A informação é do secretário do Planejamento do Estado, José Sergio Gabrielli, ao afirmar que a expectativa é que os 53 blocos, apenas em solo baiano, gerem compromissos de investimentos que ultrapassam R$ 1 bilhão.



Uma das oportunidades do setor refere-se ao gás natural em reservatórios não convencionais, que são aqueles retirados das rochas sedimentares de folhelho. Estimativas da ANP indicam que apenas a Bacia do Recôncavo possui 20 trilhões de pés cúbicos (TCF).



“A reserva de gás natural armazenada em reservatórios convencionais de todo Brasil é da ordem de 16 TCF, ou seja, apenas a Bacia do Recôncavo pode conter 25% mais gás natural do que todo gás descoberto até hoje no país, o que daria para suprir a necessidade nacional durante quase 20 anos, desde que mantido o consumo atual”, afirma Gabrielli.



Pela similaridade geológica com a Bacia do Recôncavo, a Bacia do Tucano Sul tem grande potencial de também conter grandes volumes de gás natural em reservatórios não convencionais. Além do gás, também são esperados encontrar volumes igualmente significativos de petróleo nas duas bacias.



De acordo com o titular da pasta do Planejamento, apesar do desenvolvimento da produção de óleo e gás de reservatórios não convencionais assumir proporções significativas em escala mundial, ainda é incipiente no Brasil, onde há atividade de exploração apenas na Bacia do São Francisco (Minas Gerais). “Na Bahia ela é inexistente, porém o estado tem duas bacias (Recôncavo e Tucano Sul) de grande potencial para reservatórios não convencionais, além de contar com expressiva malha de gasodutos”, explica o secretário.



Potencial Brasileiro

O Brasil tem potencial para ser o segundo maior produtor de gás proveniente de rocha de folhelho (shale gas) das Américas, perdendo apenas para os Estados Unidos, de acordo com dados da consultoria Instituto de Energia FPMG Global com base em levantamento da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre reservas estimadas dessa fonte energética. Hoje, o Brasil ocupa o 10º lugar no mundo. Os três primeiros líderes em disponibilidade projetada são China, Estados Unidos e Argentina.



No mundo, apenas os Estados Unidos utilizam o gás proveniente das rochas de folhelho em escala comercial, que, apesar de terem o potencial conhecido há décadas, só a pouco tempo a exploração tornou-se viável, fruto da combinação de tecnologia e baixo custo, e impulsionada por incentivos dados pelo governo, como a redução dos royalties. Alguns países do Leste Europeu também têm produzido comercialmente, embora em pequenos volumes. Na América do Sul, segundo o estudo da KPMG, o governo argentino é o que tem dado maior atenção ao assunto e aplicado mais recursos.



A retirada do gás das rochas de folhelho é feita utilizando um mecanismo chamado de perfuração horizontal com a técnica de fraturamento hidráulico. A técnica para extrair gás ou petróleo das formações rochosas de folhelho consiste na tubulação do poço de gás ou petróleo, ao alcançar a camada de folhelho, fazer uma curvatura na horizontal. Uma solução de água, areia e produtos químicos é injetada pela tubulação em alta pressão, fraturando a rocha em torno da tubulação. Então, o combustível fóssil (gás ou petróleo) preso dentro do folhelho é liberado e escoa para a tubulação.
SEPLAN

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