Jornalista e empresário da Comunicação
Comentário publicado no jornal A Tarde edição de 23.01.2013.
É uma pena que Salvador ainda tenha uma mentalidade provinciana. Aqui, Parceria Pública e Privada ainda é interpretada como crime. O empresário é tratado como um malfeitor e o lucro é instrumento infame. Mas sou otimista e acho que brevemente a iniciativa privada e o poder público vão dar as mãos para o bem de Salvador e da Bahia.
Caso o meu otimismo não se consagre, continuarei sentindo vergonha, por exemplo, de mostrar a nossa orla a um visitante porque,das cidades que conheço, Salvador tem a orla mais feia do mundo. Não temos uma orla, temos uma vergonha!
O projeto que amplia a concessão do Aeroclube - de autoria do Poder Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo - pode ser um bom começo. É uma oportunidade que se tem de mostrar o quanto podem ser benéficas ações deste tipo. O público e o privado podem construir ali um bem, um equipamento para a cidade, gerando lazer, renda e emprego. É também imperativa a participação da comunidade e a interação com órgãos fiscalizadores.
Puxa vida, eu quero também uma orla. Minha cidade suplica por uma orla. Eu estou cansado deste sentimento de inveja das orlas de outras cidades do Brasil e do mundo. O que falta? Na minha opinião, falta entendimento porque eu tenho certeza absoluta de que a prefeitura, governo,Ministério Público, Patrimônio da União, Advocacia Geral da União, entre tantas outras instituições ao lado da sociedade baiana, todas querem uma orla verdadeira.
Em passado recente, segundo o Projeto Orla da União, a Justiça Federal determinou a derrubada das barracas de praias. Tudo bem,cumpriu-se determinação judicial.
Mas e agora? a bagunça nas praias de Salvador continua, renasceu sob outro modelo.Precisamos discutir isso para rompermos com a degradação e o marasmo.
A culpa não é de ninguém. É de todos nós.
Em passado recente, lançou-se uma série de ideias que denominaram Salvador Capital Mundial.
Foram projetos iniciais elaborados por arquitetos de renome.
Sabem onde estão os projetos? Engavetados.
Sabem por que?
Sabem por que?
Foram doados pela iniciativa privada. Apenas isso. Sequer foram discutidos,sequer tiveram a oportunidade de evoluírem.
Enquanto isso, orlas de cidades do Nordeste continuam recebendo investimentos, imóveis de alto padrão e hotéis de alto luxo.
Em Salvador, a iniciativa privada parece não poder apresentar projetos.
Em determinado momento, ouvi e li que a prefeitura e empresários queriam "copacabanizar a orla de Salvador. Bem, é bom que se diga que copacabanizar a orla de Salvador é uma ideia difícil e quase impossível. Em todo caso, é bom lembrar que Copacabana, cantada em verso e prosa pelos mais famosos artistas, é um dos lugares mais visitados do mundo.
Não, não defendo copacabanizar a orla. Mesmo porque os equívocos da praia carioca advém dos anos 30/40. Hoje as técnicas da arquitetura evoluíram,bem como o rigor da legislação ambiental.
O que defendo é um pacto pela orla de Salvador, que possibilite a construção equilibrada de hotéis de bandeiras nacionais e internacionais, campos de futebol, quadras esportivas, ciclovias, pistas de skate de padrão internacional, bares e restaurantes e outros investimentos, isto é pedir muito?
Não, não é.
Mas temos que iniciar uma discussão para a nossa orla se transformar em movimento, para esse movimento se transformar em projeto, para esse projeto se transformar em realidade o nosso sonho, que é simplesmente o de ter uma orla bonita, organizada e frequentada.
Será que a orla terá que sofrer como sofreram os empresários Reynaldo Loureiro e João Carlos Paes Mendonça/ Antônio Andrade Junior?
O primeiro demorou 12 anos para colocar em funcionamento a primeira fase da Bahia Marina; os outros dois amargaram oito anos de engavetamento do projeto do salvador Shopping.
Já imaginou caro (a) leitor(a), a cidade sem estes dois equipamentos?
Agora, já imaginou ficarmos sem um projeto para nossa orla?
Não posso imaginar, eu quero orla na minha cidade!
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