quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Brasil vai pagar US$ 4,5 bilhões pelos 36 caças sueco

FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA








Os 36 caças suecos vão custar ao Brasil US$ 4,5 bilhões. O ministro Celso Amorim (Defesa) confirmou na tarde desta quarta-feira (18) que o Brasil escolheu os caças Gripen NG, da empresa Saab, para o projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira

Segundo Amorim, a escolha dos suecos levou em conta a performance, a transferência efetiva de tecnologia e o custo. A aquisição das aeronaves, contudo, não é imediata. O cronograma prevê entregas de aviões até 2023.
"Levará um tempo ainda. A Aeronáutica vai discutir o contrato. É um processo que sabemos que é algo demorado", afirmou o ministro.

A transferência de tecnologia vai ser definida nessa nova fase, na qual serão discutidos detalhes do contrato. Estima-se que demore cerca de 10 meses a um ano para formalizar a compra. Os primeiros aviões vão chegar 48 meses depois de assinado o contrato.
A discussão de compras se arrasta desde 2001, no final do governo Fernando Henrique Cardoso. Os três concorrentes eram o Rafale, da França, Boeing F/A-18 dos Estados Unidos, e Gripen NG da Suécia.
Em 2009, durante visita do então presidente francês Nicolas Sarkozy, o caça Dassault Rafale foi anunciado como o escolhido pelo presidente Lula, mas o governo brasileiro recuou após a insatisfação da FAB, que não havia sido consultada sobre a decisão.

Gripen, da sueca Saab

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O caça sueco Saab Gripen NG, durante voo

Também pesou contra os franceses o preço do Rafale, cujo pacote inicial chegou a US$ 8 bilhões.

No governo Dilma, os americanos ofereceram um atraente pacote, orçado em US$ 7,5 bilhões mas com muitas compensações. No entanto, o escândalo de espionagem contra o Brasil por parte da Agência Nacional de Segurança norte-americana derrubou politicamente o negócio.

Assim, o Gripen, criticado por ser menor do que os concorrentes e menos testado em combate, voltou à condição de favorito que a própria FAB havia declarado em seu primeiro relatório sobre a escolha, em dezembro de 2009. O pacote de 36 aviões foi oferecido inicialmente por US$ 6 bilhões, mas a compra acabou em US$ 4,5 bilhões.

CRONOLOGIA
1994 Governo começa a procurar interessados em oferecer um novo avião de caça e superioridade aérea para substituir os Mirage e os F-5

Jul.2001 FHC lança programa de modernização da FAB, de US$ 3,54 bilhões em 7 anos. F-X é a prioridade, com US$ 700 milhões

Ago.2001 Edital é lançado. Sukhoi, Mirage, F/A-18, F-16, MiG-29, Eurofighter e Gripen são oferecidos

Out.2001 ''Short-list'' decidido, já sem F/A-18 e Eurofighter, muito caros
Nov.2002 FHC deixa decisão para o sucessor

Jan.2003 Projeto adiado sob alegação de que combate à fome é prioritário; tudo é reexaminado

Out.2003 Processo é reaberto e fabricantes refazem propostas
Abr.2004 Reunião do Conselho de Defesa para decidir o caso é adiada indefinidamente

Fev.2005 Concorrentes recebem carta anunciando fim do F-X

Abr.2005 Russos, suecos, americanos e franceses refazem propostas alternativas de compra direta ou aluguel

Jul.2005 Governo assina memorando para aquisição na França de 12 Mirage-2000C/B

2006 FAB começa a receber novas propostas para os caças, e o programa ganha o nome de F-X2

Out.2008 FAB exclui o Sukhoi-35 (Rússia) e o Eurofighter (EADS). Ficam na disputa o Saab Gripen NG, o Boeing F/A-18 e o Dassault Rafale

Jan.2009 A Folha revela que a FAB dá preferência ao pacote do Gripen

Set.2009 Lula anuncia a compra do Rafale de forma atabalhoada. Recua em seguida

Dez.2009 FAB faz novo relatório, ajustado para aprovar todos os aviões, mas mantém preferência pelo Gripen

Jan.2011 Dilma assume e adia a decisão. Nos próximos dois anos, os americanos ganham terreno

Mai.2013 Boeing assina acordo com a Embraer para vender avião cargueiro brasileiro, virando favorita absoluta ao negócio

Jul.2013 As revelações da espionagem americana contra Dilma e outras autoridades derruba politicamente as chances da Boeing

Dez.2013 O governo escolhe o Saab Gripen 

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