terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Bahia dividida em zonas

topo-area-1085.jpg
Além de mapear as zonas ecológicas, o governo também mapeou o potencial dos ventos no estado
Prevista desde a Constituição de 1989, a divisão da Bahia em zonas está finalmente pronta e disponível para consulta e sugestões. O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) cruzou características relacionadas a relevo, clima, solo e arranjos produtivos de cada pedaço do estado, para depois dividi-lo em 36 zonas.
O objetivo disso tudo é orientar o planejamento, a gestão, as atividades e as decisões do poder público, do setor privado e da sociedade em geral, relacionadas ao uso e ocupação do território. Sempre levando em conta as potencialidades e limitações do meio ambiente físico, biótico e socioeconômico, com vistas à implantação prática do desenvolvimento sustentável.
 
“Por exemplo, todo mundo sabe que não dá para plantar banana no Semiárido, porque banana precisa de água, e lá não tem água. Mas existem porções do Semiárido em que é possível, sim, plantar bananas. Com o zoneamento, a gente começa a enxergar melhor essas potencialidades”, explica o superintendente de planejamento estratégico da Secretaria de Planejamento do estado (Seplan), Ranieri Barreto. A Seplan, junto com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), é a responsável pelo ZEE.
 
No zoneamento, cada região recebe um nome e é completamente mapeada. A zona 1, por exemplo, é a Chapada Ocidental do Oeste Baiano, que compreende oito municípios: Cocos, Jaborandi, Correntina, Riachão das Neves, Luis Eduardo Magalhães, Barreiras, Formosa do Rio Preto e São Desidério.
 
Essa zona tem 15.737 metros quadrados de vegetação remanescente, uma comunidade quilombola e 360 famílias de pescadores. A sede urbana é em Luis Eduardo Magalhães. A região é banhada pelo Rio São Francisco e pelas bacias do Rio Grande e do Rio Corrente.
 
A ação possibilita a incorporação das variáveis ambientais nos projetos do governo, além de desenvolver alternativas de melhor uso dos recursos naturais e propor tecnologias sustentáveis. Mas demorou a ser implementado por ter pontos que mexem com interesses distintos.
 
“A área da mineração em Juazeiro, por exemplo, foi uma das que provocaram polêmica”, conta Barreto. Isso porque os interesses dos mineradores se chocavam com os dos ambientalistas.
 
“Houve um debate e, no final, achamos um meio-termo. Nem impedimos nem permitimos que a extração fosse feita de qualquer forma”, explicou. As nove audiências públicas já foram realizadas, entre 12e29de novembro, mas quem tiver interesse em consultar e também dar seus palpites, até fevereiro é possível acessar o site www.zee.ba.gov.br/zee e clicar no link ‘consulta pública’.
 
Barreto diz que tem uma equipe do governo encarregada de examinar cada uma das sugestões para depois sistematizar e enviar para uma comissão estadual. Quando o documento estiver pronto, o que ainda não tem prazo, será enviado para a votação na Assembleia Legislativa.
 
O superintendente conta que o estado é referência no tipo de zoneamento que está fazendo, pois o primeiro estudo desse tipo feito no Brasil visou apenas a região amazônica. Além da Bahia, os estados que estão avançados são Minas Gerais (já acabado), São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
 
ATLAS MAPEIA TODO O POTENCIAL DE ENERGIA EÓLICA DO ESTADO DA BAHIA
 
Além de mapear as zonas ecológicas, o governo também mapeou o potencial dos ventos no estado. Através da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), foi elaborado um Atlas Eólico da Bahia. Com ele foi descoberto que o potencial do estado era pelo menos dez vezes maior do que se acreditava em 2002. “O último estudo apontava um potencial de 14,5 megawatts (MW), com torres de 30 a 50 metros. Agora, com torres de 100 a 150 metros, temos um potencial de 150 a 195 MW”, conta o superintendente de energia da Seinfra, Silvano Ragno. Segundo ele, com esse potencial seria possível abastecer o país inteiro. “O Brasil gasta 115/120 MW por ano. Ainda daria para vender a países vizinhos”, afirma. O Atlas também descobriu que a região onde estão os melhores ventos é o Sudoeste do estado. Os ventos ideais para produzir energia precisam ter velocidade maior que 7 m/s e ser constantes.
 
ENERGIA SOLAR É ALTERNATIVA DE ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
 
Inaugurado em abril de 2012, o Projeto Pituaçu Solar é o primeiro sistema de energia solar em estádios da América Latina. O sistema fotovoltaico de 400 kWp de potência fica na cobertura e nos estacionamentos de Pituaçu. O sistema foi custeado pela Coelba, com contrapartida do governo do estado e participação do Fundo Nacional de Eficiência Energética, gerido pela Aneel. O investimento total foi de R$ 5,5 milhões. Além de garantir a autossuficiência em eletricidade na edificação, o Pituaçu Solar abastece também o prédio onde funcionam as instalações da Setre e da Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb). O governo do estado informa que os painéis solares proporcionaram, entre abril de 2012 e setembro de 2013, uma economia global da ordem de R$ 222 mil. O projeto é aberto à visitação de escolas.

Fonte: Correio

Nenhum comentário: