Assim como navegar, demolir é preciso. Tomo de empréstimo o famoso dístico do romano Pompeu, apropriado pelo poeta Fernando Pessoa, para mostrar que às vezes precisamos usar da marreta para resgatar o mar. Minha peroração é antiga e surtiu algum efeito, afinal o horrendo Clube Português já veio ao chão e alguns barrocões do Porto de Salvador estão sendo demolidos. Mas muito ainda há por demolir. A sede de praia do Bahia é um exemplo de construção que tem de vir ao chão imediatamente, assim como o Parque do Aeroclube cuja querela judicial nunca acaba. E que dizer do quartel de Amaralina, absurdamente incrustado numa das belas praias da Bahia ou do horrendo muro que cerca o Iate Clube e o cemitério dos ingleses, que tem pouca serventia para os mortos, mas impede que os vivos se deslumbrem com a vista da baía. Nossos militares poderiam, pelo menos, fazer como seus colegas cariocas que derrubaram os muros e abriram o Forte de Copacabana à visitação pública e um guard rail bastaria para descortinar o mar na Ladeira da Barra. Mas vou deixar de lado a sanha destrutiva e recompor o dístico: assim como demolir, construir é preciso. E por que não contratar o arquiteto Oscar Niemayer para – antes que ele encerre sua bela passagem pela vida – projetar um museu para Salvador, a beira daquela que é a mais bela baía do Atlântico, e nele abrigar a música, a arte, a negritude e a cultura da Bahia? Ou porque não chamar Frank Gehry para fazer aqui o que ele fez em Bilbao, encantando o mundo? E por que não derrubar os galpões do Parque de Exposição e ali construir um coliseu das artes para gáudio dos baianos e dos turistas? Este cronista está se perguntar, assim como você leitor, como está cidade que não consegue sequer prover as necessidades básicas da vida de seus habitantes, poderá prover as necessidades do espírito? Talvez com a força dos visionários que foram capazes de tornar possível o impossível e presentear a cidade da Bahia com obras como o Elevador Lacerda, o Farol da Barra, o Forte de São Pedro, a Av. Contorno, o Pelourinho e a Igreja de São Francisco.
Sou leitor de Dr Armando Avena pela qualidade de seus escritos e pelos temas abordados.
Ressalto que embora não seja a beira mar e nem vá permitir uma visão oceânica, quero acrescentar que nossos militares da Marinha também poderiam repassar para o município a imensa área ocupada no bairro do Comércio pelo quartel dos Fuzileiros, cujo espaço ajudaria em muito a sonhada requalificação da região, permitindo que ali fosse construído um imenso estacionamento dotados de serviços com a construção de restaurantes, cafés,lojas de conveniências,bancas de jornais e revistas o que por certo protegeria os usuários, os trabalhadores da região, os visitantes, passantes e turistas.
Afinal aquela área vem sendo ocupada há mais de 50 anos,inicialmente pelos Americanos (EUA),mas isso é outra conversa.
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