O anteprojeto do metrô de Salvador está disponível para consulta pública, desde 21 de junho, no site www.sedur.ba.gov.br/metro
Atualizado em 18.08.2012
Priscila Chammas
Quem já foi da Estação da Lapa até as imediações da Insinuante de Lauro de Freitas, de ônibus e no horário de pico, deve lembrar que o percurso dura em torno de duas sofridas horas. Mas, quando o metrô ficar totalmente pronto (em 2016, no mínimo), esse tempo vai cair para menos da metade: 46 minutos (contando com o tempo de manobra para retornar).
É isso o que prevê a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur), que fez ontem a primeira apresentação pública sobre o sistema completo do metrô, incluindo o problemático trecho Acesso Norte-Estação Pirajá e a linha 2, entre a Lapa e Lauro de Freitas.
O percurso da linha 1, a Sedur calcula que seja feito em 20 minutos, numa velocidade média de 36 km/h. Parece pouco, mas nessa conta já está incluído o tempo das paradas e das manobras. “Para um sistema como o de Salvador, que tem as estações próximas, é um tempo razoável, muito próximo ao do metrô de São Paulo”, explica o consultor internacional de transportes públicos Claudio de Senna Frederico.
A velocidade máxima atingida pelos veículos, de 80 km/h, também se assemelha ao metrô paulistano. “Em algumas linhas, o de São Paulo chega a 100 quilômetros por hora, mas só onde as estações são mais distantes entre si”, explica. O sistema completo de Salvador terá 30 composições de quatro vagões.
Projeto
O anteprojeto do metrô de Salvador está disponível para consulta pública, desde 21 de junho, no site www.sedur.ba.gov.br/metro. Até o momento, foram contabilizadas cerca de 300 contribuições de internautas, segundo o secretário do Desenvolvimento Urbano, Cícero Monteiro.
Na semana que vem, uma equipe do governo se reúne para decidir quais delas vão ser incorporadas ao projeto. As contribuições das três audiências públicas (a de ontem na Assembleia Legislativa e mais duas que acontecem segunda e sexta-feira, nas Câmaras de Vereadores de Salvador e Lauro de Freitas, respectivamente) também poderão ser acatadas.
Inicialmente a consulta seria encerrada em dois meses (no dia 21 de agosto), mas o prazo foi prorrogado até 20 de setembro. Antes disso, o governador Jaques Wagner viaja com Cícero Monteiro para apresentar o projeto do metrô em Madri e em Singapura. “A ideia é ter contato com fornecedores de trens da Ásia, que tem um mercado forte, e operadoras privadas da Europa que possam se interessar em operar o metrô”, explicou Cícero Monteiro.
Segundo Cláudio Frederico, os trens asiáticos são até 15% mais baratos que os nacionais, e a Espanha e a França “são muito ativas” no mercado de concessão de transporte de massa. No entanto, ele acredita que, no caso de Salvador, o mercado internacional não vai se interessar.
“Vai ser rentável na fase de construção, mas a operação sempre vai precisar de subisídios. Só quem vai se interessar aí são as construtoras nacionais”, previu, antes de ser informado que quatro consórcios e empresas já procuraram o governo, interessados na obra: todos eles nacionais e do ramo da construção.
Segundo Cícero Monteiro, são eles: a construtora Queiroz Galvão, o consórcio Invepar (formado pela OAS e a Odebrecht), a construtora Camargo Corrêa, em consórcio com a Andrade Gutierrez, e o consórcio entre a Prado Valadares e a Constran. Todos essas empreiteiras participaram da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI), que definiu o modelo de transporte da Paralela no ano passado.
Cronograma
A previsão de lançamento do edital é para o final de outubro deste ano. A partir daí, a licitação deve durar quatro meses, indo até março de 2013, que é o prazo legal. Só então o resultado será anunciado e a empresa ou consórcio vencedor assinará o contrato em até 30 dias, caso nenhum participante decida interpor recurso contra o resultado.
O contrato terá duração de 30 anos: três para a construção e 27 para a operação do sistema. As obras terão que ser iniciadas imediatamente e serão divididas em duas etapas.
A primeira tem previsão de entrega em 18 meses, e envolve toda a linha 1, até Pirajá, e três estações da linha 2, até a região do Iguatemi. “É o que está garantido no cronograma, mas a ideia é que a gente consiga fazer até Pernambués”, projeta o secretário da Casa Civil, Rui Costa.
A segunda etapa será feita em mais 18 meses e completa o percurso, até Lauro de Freitas. As obras incluem a construção de quatro viadutos e a duplicação das avenidas Orlando Gomes e Pinto de Aguiar, que ligam a orla à Paralela.
O estado também está preparando uma apresentação para o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps) para um possível convênio com vistas a alimentação do sistema do metrô. “A gente precisa criar um micro-ônibus, mesmo que diferenciado, para que as pessoas de classe média se desloquem até as estações de metrô”, diz Rui Costa.
Correio da Bahia
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