Oligarquia
política apertou o botão de ‘dane-se’
Josias de Souza
08/02/2017 21:12
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A ideia de que é
preciso firmar um pacto para “estancar a sangria” da Lava Jato, exposta por
Romero Jucá numa gravação, virou um fantasma que, de vez em quando, sacode seu
lençol sobre Brasília. Nesta quarta-feira, indicou-se para presidente da mais
importante comissão do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça, o senador
Edison Lobão, encrencado na Lava Jato. Acomodado nessa cadeira, Lobão comandará
a sabatina de candidatos a ministro do Supremo Tribunal Federal e a
procurador-geral da República.
Tomada assim, como
um fato isolado, a escolha de alguém como Lobão para presidir a principal
comissão do Senado seria apenas um absurdo. Mas o inaceitável assume ares de
inacreditável quando se considera tudo o aconteceu em Brasília num intervalo de
menos de dez dias.
Antes da ascensão
de Lobão, Michel Temer havia fornecido a Moreira Franco, amigo delatado pela
Odebrecht, o escudo do foro privilegiado. O presidente também indicou para o
Supremo o ministro tucano Alexandre de Morais. E levou ao balcão a pasta da
Justiça. O PMDB, que sangra na Lava Jato, está no primeiro lugar da fila,
pronto para abocanhar o ministério que controla a Polícia Federal.
Nas presidências da
Câmara e do Senado já haviam sido acomodados dois delatados da Odebrecht,
Rodrigo Maia e Eunício Oliveira. Agora, Edison Lobão. Ele chega ao topo da CCJ
empurrado por Renan Calherios e José Sarney, que dispensam apresentação. Tudo
isso aconteceu em menos de dez dias. Em Brasília, a união faz a farsa. À
procura de um torniquete, a oligarquia política decidiu ligar o botão de
dane-se!
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