segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

AS FRAGILIDADES DA ECONOMIA BRASILEIRA





Participei de uma mesa com o economista Eduardo Giannetti da Fonseca em seminário realizado pelo Instituto Pensar e pela Fundação João Mangabeira, cujo objetivo era traçar um painel da economia brasileira e baiana.  Coube-me discutir a economia baiana e ao nosso Giannetti a conjuntura nacional e sua fala foi preocupante.  Segundo ele,  as fragilidades da economia brasileira abordam, entre outros, três aspectos: baixo crescimento crônico,  pressão inflacionária, e um forte déficit em conta corrente.

O economista demonstrou que o crescimento médio do PIB na era Dilma, da ordem de 2%,  é um dos menores da história republicana do Brasil, igualando-se aos piores momentos, como os do governo Collor, e que a taxa de investimento permanece em 18% do PIB, quando na China é da ordem de 40% e na Índia 28% e no Chile 25%.  E lembrou que o déficit nas contas externas em 2013 foi  um recorde histórico, atingindo US$ 81,3 bilhões.  Confrontado com fato de que apesar do baixo crescimento a economia tem mantido o nível de emprego, Gianneti  disse que isso se deve a  redução da taxa de fecundidade e ao chamado desemprego por desalento, ou seja, as estatísticas não estariam medindo o desempregado que já não procura emprego, seja por que já não espera encontrar, ou porque vive da renda do governo, via bolsa família, previdência e outros benefícios.

O economista paulista disse também algo que todo mundo sabe, mas ninguém tem coragem de dizer.  Que a celebrada constituição de 1988 aumentou de tal maneira os benefícios sociais e os encargos do Estado que a carga tributária que era de cerca de 25% do PIB cresceu de forma contínua e hoje é da ordem de 36% e que esse percentual chega a 40% por conta de mecanismos vários.  Isso significa que  de cada real gasto ou investido no país cerca de 40% termina nos cofres do Estado. A carga tributária brasileira é maior do que a de muitos países desenvolvidos e de países latino-americanos como Chile e Argentina.

Sob o ponto de vista político, Giannetti disse que a base do governo se sustenta em uma aliança entre o grande empresariado e a população mais pobre do país. e que isso se consubstancia na prática, com o bolsa BNDES e o bolsa família.

No bolsa BNDES  o governo coloca recursos que toma emprestado do mercado a taxa Selic e coloca no BNDES, que por sua vez empresta aos grandes empresários com uma taxa bem mais baixa, a TJLP, o que representa um enorme subsidio financeiro ao grande capital. Segundo ele o montante que o governo vem gastando com a bolsa BNDES é maior do que o que gasta com o bolsa família, que representaria uma espécie de emprego pelo qual cerca de 40 milhões de brasileiros recebem mensalmente um contracheque do governo. A análise de Giannetti merece discussão e há quem discorde delas,  mas, não há dúvida, que aponta alguns dos motivos que levam o Brasil a ser considerado um dos cinco frágeis da economia mundial.

                                                               A VIOLÊNCIA E A ECONOMIA

Parece que o Brasil se acostumou com a violência diária que atinge as nossas cidade. Nos jornais televisivos o que se assiste diariamente é uma verdadeira guerra urbana, mas não se vê na imprensa ou mesmo na ruas um movimento de indignação contra a criminalidade que só faz aumentar.  Além da tragédia humana que sempre existe por trás e cada ato criminoso, há uma tragédia econômica, pois, além do estrago na imagem internacional, que  mostra um Estado incapaz de impor a ordem, há reflexos negativos no comércio, no turismo e nos gastos crescentes que o setor privado arca para ampliar a segurança de empresas e residências. É tempo de eleição e tempo do país exigir do novo governo uma tomada de posição de modo a fazer do combate à violência urbana uma prioridade política e governamental. 

ARTIGOS

OS DESAFIOS DA BAHIA


A Bahia precisa planejar seu futuro. Precisa fazer isso ouvindo a população de todo o estado, mas também a de técnicos e planejadores especializados em traçar o que na Cepal dos anos 70 se chamava de imagem-objetivo. Quem trabalha com o futuro precisa se perguntar: que imagem estamos projetando para a Bahia e como concretizá-la?  Independente de visão partidária, e dos avanços que foram conquistados ao longo dos últimos quinze anos, o fato é que a Bahia tem hoje grandes desafios e precisa traçar os caminhos para superá-los. Não tenho espaço para comentar todos eles, mas posso dizer que o próximo governo precisa montar um plano de ação que coloque a dimensão  social como prioridade, que faça da dimensão econômica a base para o desenvolvimento, que destaque a  dimensão urbana como fundamental para dar harmonia a esse processo e que coloque  a  dimensão ambiental no patamar que fará esse desenvolvimento sustentável. Dou  três exemplos de desafios. O primeiro é aquele que diz que não haverá verdadeiro desenvolvimento, enquanto não se enfrentar de forma definitiva a questão da seca, que de tempos em tempos desestrutura o tecido socioeconômico do semiárido baiano. A seca não dura apenas enquanto não chove, se estende por um ou dois anos após as chuvas, tempo necessário para recompor o capital esterilizado, as perdas econômicas e a desestruturação da produção agroindustrial.  É preciso vencer esse desafio. O segundo indica que é preciso fortalecer as cidades médias da Bahia, pois é aí que se realiza o processo econômico.  A Bahia tem a maior população rural do país e precisa estimular sua ida para cidade,  cidades médias que serão desenvolvidas para dar suporte à riqueza que cria no campo e se realiza na urbe. Minas Gerias tem quase uma dezena de cidades com mais de 500 mil habitantes, a Bahia só tem uma, Feira de Santana, e fica a apenas 100 km de Salvador.  O último desafio é a deficiência de infraestrutura e que precisa ser a partida e a chegada do plano de desenvolvimento que a Bahia precisa montar



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