quinta-feira, 20 de março de 2014

Publicação Uol


Em 4 anos, Brasil comprou 2 mil blindados, 36 caças e 4 submarinos

Luiz Felipe de Alencastro

Luiz Felipe de Alencastro


O recente relatório anual do Stockholm International Peace Research Institute (Sipri),  um influente centro de pesquisa sueco dedicado ao estudo do comércio mundial de armamentos, traz informações importantes sobre a Ásia do Sul e o Golfo Pérsico.
Mas também dá relevo às compras de equipamento militar realizadas pelo Brasil. Ao lado de outros destaques do período 2009-2013, aparece a compra pelo governo brasileiro de quatro submarinos franceses, de 2.044 blindados italianos e dos 36 aviões de combate adquiridos à própria Suécia.





Dilma escolhe caças suecos para a FAB3 fotos

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18.dez.2013 - Modelo de caça sueco escolhido pelo Brasil. Na tarde desta quarta-feira (18), o ministro Celso Amorim (Defesa) confirmou que o país escolheu os caças Gripen NG, da empresa Saab, para o projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira. Os 36 caças suecos vão custar ao Brasil US$ 4,5 bilhões. Leia mais AFP
No entanto, a notícia principal do relatório do Sipri é o aumento das importações de equipamento militar pela Índia e o Paquistão.
No primeiro caso, o crescimento foi de 111% entre o quadriênio 2004-2008 e 2009-2013. No caso do Paquistão, a cifra alcançou 119% no mesmo período.
Outra área importante de importação de armamentos é o Golfo Pérsico. Afora as importações dos Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita aparece agora como o quinto maior importador de sistemas de armas do mundo.
Do lado  dos exportadores de material bélico, além dos vendedores tradicionais como os Estados Unidos (29% das exportações mundiais) e da Rússia (27%), aparece a China que, com 6% das vendas mundiais, chega agora perto das exportações da Alemanha (7%) e da França (6%).
Na realidade, a China já fabrica a maior parte de seu armamento e, conforme os especialistas, seus gastos militares situam-se em segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Na sequência, as Filipinas e o Japão aumentam seus sistema de defesa para se premunirem contra as ameaças chinesas e também norte-coreanas.
Na altura em que se marca o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, o quadro atual lembra, em algumas partes do mundo, a corrida armamentista que precedeu a tragédia iniciada em 1914.
Note-se que durante muito tempo a Primeira Guerra foi chamada de Grande Guerra porque parecia ser a maior que o mundo conhecera. 

LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO

Cientista político e historiador, professor titular da Universidade de Paris-Sorbonne e professor convidado na FGV-Escola de Economia de São Paulo. É membro da Academia Europaea.

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