A Eurocopter europeia
está capacitando a sua coligada no Brasil, a Helibras, de Itajubá, no sul de
Minas, para desenvolver, até 2025, o primeiro helicóptero de projeto e
construção nacionais.
"A aeronave será entregue ao mercado mundial em meados da década de 2020",
disse ontem ao Estado o CEO internacional do grupo, Lutz Bertling, que
participa, hoje, da inauguração da nova fábrica, dedicada à linha de produção do
modelo militar EC725. Para o presidente da Helibras, Eduardo Marson, o
helicóptero brasileiro "era um plano, agora é meta".
O governo comprou 50 unidades do EC725, um contrato de 1,9 bilhão. O lote
principal, de 48 unidades, será destinado à Marinha, Exército e Aeronáutica. Os
outros dois estão destinados ao GTE, o Grupo de Transporte Especial da Força
Aérea, responsável pela frota da Presidência.
O pavilhão industrial em Itajubá, com as unidades dos serviços de apoio - de
um banco digital de testes e centro de treinamento à área de qualificação de
empresas fornecedoras de peças e componentes -, implicam investimentos de R$ 420
milhões. O programa prevê índice de nacionalização de 50% no EC725/Br. O número
de empregos locais na Helibras passou de 260 em 2009 para os atuais mais de 700.
Segundo Lutz Bertling, a Eurocopter "está aberta para receber sinais
positivos do governo federal no sentido de compartilhar a aspiração (de produzir
um helicóptero próprio no País)". "Estou preparado para debater com a presidente
Dilma Rousseff e com o ministro Celso Amorim a melhor maneira de prosseguir rumo
ao nosso objetivo", disse.
O CEO mundial considera desafio prioritário, "consolidar, na Helibras, toda a
capacidade para torná-la uma fabricante de helicópteros a serviço dos mercados
globais". Isso está sendo realizado, revela, "por meio do estabelecimento da
gestão das cadeias de fornecimento nas quais estamos integrando soluções
oferecidas pelas nossas áreas de pesquisa e desenvolvimento". O resultado, diz,
"é um consistente processo de transferência de tecnologia para os operadores
brasileiros". Até setembro, a Helibras já havia assinado contratos com 14 grupos
nacionais para fornecimentos diversos, incluindo serviços.
A planta industrial do EC725, está em atividade. O espaço principal é de 12,7
mil m², acrescentados de 1,7 mil ² descobertos para manobras e ensaios de campo.
No local estão abrigadas duas linhas: do grande EC725-Super Cougar e do pequeno
Esquilo.
A aposta da hora é o EC725. A aeronave leva dois pilotos e mais 28
combatentes a distância máxima de 808 km e a velocidade de 262 km/hora. O futuro
tipo a ser projetado será definido mediante pesquisa do mercado em geral e da
demanda específica de clientes - as Forças Armadas, por exemplo. As providências
internas da empresa avançam. A Helibras recebeu há duas semanas o certificado de
engenharia de projeto, atribuído no grupo Eurocopter apenas à França, à Alemanha
e à Espanha.
Autor(es): ROBERTO GODOY.
O Estado de S. Paulo - 02/10/2012.
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