quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dietas têm sedução e muitos riscos

por
Catiane Magalhães - Publicado na Tribuna da Bahia
Foto: SXC/Creative Commons
O anúncio é tentador: “Emagreça a Barriguinha: Perca 12 quilos em apenas quatro semanas. Sem dieta ou academia”. Diante desta promessa, qualquer pessoa acima do peso ficaria mesmo tentada a recorrer ao método milagroso. Na internet, anúncios como esse são corriqueiros. E para se tornarem ainda mais atrativos, a mensagem vem sempre acompanhada de imagens sedutoras, de modelos ex-obesos, exibindo o antes e o depois. Entretanto, os especialistas e o bom senso da sabedoria popular advertem: quando a esmola é demais, o santo deve ficar desconfiado!
O problema é que na incessante busca pela “medida certa”, representada pelos padrões impostos pela ditadura da magreza, os consumidores ignoram os riscos e recorrem a produtos de eficácia e origem duvidosas. Não por acaso, o Brasil lidera o ranking dos países que mais consomem medicamentos e produtos para emagrecer, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sozinhos, os brasileiros consomem mais substâncias desse tipo do que o resto dos latino-americanos juntos. A insatisfação com o corpo atinge quase metade dos brasileiros, conforme aponta estudo realizado recentemente pela Nielsen Holding, empresa especializada em pesquisas de consumo.
Os números, no entanto, não justificam a busca por emagrecedores, já que os métodos mais seguros e eficazes, a exemplo de mudança de hábitos alimentares e prática de exercícios físicos, são os mais recomendados pelos especialistas no assunto.
Motivada pela ansiedade de ver logo o resultado, a funcionária pública Samantha Oliveira desprezou toda a orientação da nutricionista e apostou no método “revolucionário” e “milagroso” vendido largamente na internet. Com o intuito de perder justamente os 12 quilos anunciado pelo Cenaless, ela comprou o produto, porém um mês depois não só não tinha obtido o resultado esperado, como percebeu algumas reações colaterais.
“Não há outra descrição: eu caí no conto do vigário. Sou uma pessoa esclarecida, mas confesso que fui burra em optar pelo caminho supostamente mais fácil e rápido. O pior é que eu já tinha passado por consultas médicas, tinha uma dieta balanceada prescrita, mas ansiosa por emagrecer mais rápido troquei o certo pelo duvidoso. No período que tomei o medicamento tive dores de cabeça frequentes, além de um sangramento não habitual, já que uso um método para não menstruar”, conta.
Produto irregular
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Cenaless não possui registro nem autorização do órgão para ser comercializado, ou seja, é um produto clandestino. Há suspeita ainda de que se trata de uma substância que já havia sido retirada do mercado e que foi inserida novamente com outro nome, para driblar a fiscalização.
“Só existem dois medicamentos para emagrecer com comercialização autorizada pela Anvisa, que é o xenical e a sibutramina, assim mesmo com acompanhamento médico. Além desses, existem outros produtos que podem emagrecer, que não são medicamentos, mas que são caracterizados como alimentos funcionais ou suplementos”, informou a assessoria de imprensa da Agência.
Ainda de acordo com a assessoria do órgão, a Anvisa atua no combate à venda clandestina de produtos proibidos, através de apreensões e suspensão de mercadorias no país. Em alguns casos a ação é conjunta com a Vigilância Sanitária do município e com as polícias militar e civil, já que a venda de produtos proibidos se configura crime.
A lista de produtos e substâncias proibidas é extensa. Nela consta nomes como J Jack 3d, anfepramona, femproporex, manzendol, entre outros. No caso do Cenaless, por ser um produto clandestino, a Anvisa desconhece a composição do produto, mas as críticas na internet atestam que se trata de picaretagem. A assessoria do órgão informou ainda que vai intensificar a fiscalização virtual para coibir a livre comercialização de produtos e medicamentos que prometem emagrecer na internet, inclusive em redes sociais.

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