Cidade
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Tiago Nunes - Tribuna da Bahia
Foto: Kin Kin
O empresário Marcelo Odebrecht responde às perguntas da Tribuna da Bahia
Na oportunidade, estavam presentes, além do diretor-presidente da Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, o secretário de Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, o presidente da Associação Comercial da Bahia, Marcos Medrado, o prefeito eleito de Camaçari, Ademar Delgado, os deputados federais Emiliano José e José Rocha, entre outras autoridades e convidados.
Mobilidade - “Não há uma grande intervenção na cidade há anos. Salvador tem uma série de gargalos que podem ser resolvidos simplesmente com pequenos viadutos, pequenas obras. Enfim, falta engenharia de tráfego. Hoje a capital baiana tem congestionamentos piores que São Paulo. Uma boa engenharia de tráfego pode vascularizar todo o tráfego. Não há investimento de infraestrutura tão importante quanto a mobilidade urbana”.
Projeto polímero verde - “A Braskem estuda um projeto importante de polímero verde, que não há em nenhum lugar do mundo. Ele envolve outro patamar tecnológico. Ele tem que vir no momento certo, com viabilidade econômica adequada. Estamos em discussão”.
Quando questionado pelos debatedores sobre a dificuldade que as parcerias público-privada encontram no país, embora seja um instrumento de alta relevância para o desenvolvimento do Brasil, Marcelo explicou “que esta é uma das definições menos esclarecidas atualmente”. Segundo ele, existe o conceito muito simples de uma relação onde o poder público é o contratante e o privado é um prestador de serviço. “No outro extremo há uma concessão onde o usuário daquela concessão paga integralmente o benefício que recebe e o setor público entra apenas como poder concedente”.
“Vai de um extremo, desde que o Estado entra apenas como um garantidor de uma demanda, até o outro extremo, em que o Estado pode entrar com o complemento de recursos que seja necessário para dar uma viabilidade econômico-financeira a um projeto”, explicou. Na Bahia há duas PPPs, a que engloba o Emissário Submarino e a Arena Fonte Nova.
Ao ser instado a opinar sobre a orla de Salvador, e as dificuldades para a revitalização desse importante ponto turístico da cidade, o dirigente da Odebrecht foi incisivo ao alertar que, para tornar a orla marítima da cidade atrativa, não há necessidade de dinheiro público. Para ele, o que se precisa fazer é um plano diretor bem delimitado e bem planejado e citou como exemplo um trabalho de tipologia dos edifícios - onde as edificações aprovadas deveriam viabilizar serviços de bar/restaurantes para levar a população a andar na praia - e a questão da retro-praia, com a construção de um amplo calçadão para que a população possa caminhar e desenvolver práticas esportivas.
Marcelo foi mais adiante ao se referir à orla, argumentando que “falta prioridade e vontade para resolver este problema da orla de Salvador. O destino do Aeroclube, por exemplo, não é justificável aquela região se encontrar no estado deplorável. É preciso liberar os empresários dentro de um planejamento adequado pra se fazer o que tem que ser feito”, pontuou.
Em relação à Copa do Mundo, ele enfatizou que o governo estadual trouxe para a Bahia não só o Mundial de 2014, mais também uma série de eventos relacionados à Copa, “o que abre para Salvador uma externalidade positiva, visto que tal evento é apreciado por todo planeta”, assegurando ainda que a Arena Fonte Nova não será um ‘elefante branco’.
“A Arena Fonte Nova deixará um legado cultural muito importante. Não será apenas um estádio de futebol, mas também uma infraestrutura construída para shows e eventos para ajudar o turismo”. No entanto, ele admitiu o fato de “não termos aproveitado a Copa do Mundo em toda a sua potencialidade”.
De acordo com Marcelo, há dificuldades para se alavancar projetos em Salvador. As amarras são incríveis. “Se não houver uma forte determinação dos governos federal e estaduais para apoiarem a iniciativa privada, fica muito complicado”.
Ainda segundo o convidado, existe uma cultura do medo prevalecendo. É muito mais fácil, e menos arriscado, não fazer algo”. Se nos Estados Unidos você faz um negócio, em um mês você sabe se aquilo vai ou não dar certo. Aqui, em dez anos, estaremos ainda realizando discussões”, criticou.
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