segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Deu na Tribuna da Bahia -

Pelegrino diz que metrô e orla serão prioridades

por
Paulo Roberto Sampaio e Osvaldo Lyra
Publicada em 01/10/2012
Chegando à última semana das eleições 2012, à frente nos levantamentos de intenções de voto, o candidato Nelson Pelegrino (PT) garante que vai investir muito no corpo a corpo com a população para manter a trajetória de crescimento observada nas pesquisas eleitorais divulgadas nas últimas semanas.
Em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia, o petista reafirmou as propostas de governo, caso eleito, como tirar o metrô do papel e requalificar a orla da cidade com a garantia de investimentos diversos na capital baiana, capitaneados, principalmente, pelas parcerias com os governos estadual e federal, porém sem deixar de fora as parcerias público-privadas e o diálogo com setores empresariais. “Eu tenho autoridade e eu tenho diálogo com o governo do Estado e com o Governo Federal. Eu tenho condições de sentar na mesa com o governo do Estado e tenho condições de sentar na mesa com o Governo Federal. Então, isso é um diferencial”, aposta.
Na operação batizada por ele como “Ordem na Casa”, a proposta é revisar os custos e os contratos da prefeitura, buscando um equilíbrio maior nas contas, ampliando a arrecadação e melhorando os gastos do Executivo municipal. “A prefeitura precisa de gestão”, assegura o deputado federal que enfrenta pela quarta vez as urnas soteropolitanas em busca da cadeira do Palácio Thomé de Souza. Após última pesquisa que o coloca na dianteira, o petista não esconde o otimismo, mas em caso de segundo turno, disse que não vai excluir nenhum partido das negociações. “Porque nós temos um projeto para a cidade e se vierem sugestões programáticas que sejam importantes, nós vamos incorporar”, destacou.
Tribuna da Bahia – Deputado, como o senhor avalia essa reta final de campanha, a 10 dias das eleições?
Nelson Pelegrino – Primeiro, ainda há uma parcela do eleitorado que está indefinida, que vai se definir nesses últimos 10 dias e nós vamos disputar esse eleitorado. Achamos que temos as melhores condições de fazer essa disputa. Seja porque nós temos militância, nós temos capilaridade na cidade, seja porque nós temos propostas. Se você perguntar aí quais são as propostas das outras candidaturas as pessoas têm dificuldades de lembrar. Mas as nossas, as pessoas estão na ponta da língua. São as 12 UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas, botar os postos de saúde para funcionar, as 138 creches, os 12 pontos críticos na cidade, os 100 mil cursos profissionalizantes, a 29 de Março, o bilhete único, então nós fixamos propostas que são exequíveis. A parceria que o pessoal identifica que é importante para a cidade. Vamos ter debates – vão ser quatro debates até o primeiro turno -, que também serão importantes para a definição do eleitorado. A nossa ideia agora nesses 10 dias é intensificar o corpo a corpo e intensificar a apresentação das nossas propostas para a cidade.
Tribuna – Esse crescimento já era esperado na reta final?
Pelegrino – Já. A gente estava sentindo isso na rua. Eu sou um candidato que vai para a rua, que conversa com os eleitores, que aborda os eleitores, que ouve. E a gente já vinha seguindo esse crescimento na rua. Era uma coisa que a gente estava esperando.
Tribuna – Então a gente pode afirmar que os desgastes provocados com as greves, isso já não estão mais no imaginário do eleitor e agora eles estão mais interessados em pensar na discussão da cidade?
Pelegrino – Olha, eu penso que – eu disse isso no início da campanha – de que o eleitor, no final das contas, o interesse dele é saber quem pode tirar a cidade dessa situação que ela se encontra, quem pode mudar a situação da cidade. Eu penso que os eleitores estão identificando que somos a alternativa para isso, de reestabelecer a gestão na cidade, a autoridade da cidade, a governabilidade. Salvador precisa de um prefeito, que tenha pulso, que tenha condições de botar ordem na cidade, que tenha condições de montar uma boa equipe – eu vou fazer. Vou procurar fazer minha equipe com os melhores técnicos, os melhores e aqueles que forem melhor capacitados para governar a cidade. E eu sou o candidato hoje que tem condições de sentar para conversar com o governador e a presidente da República. Eu tenho diálogo com o governador do Estado e tenho diálogo com a presidente da República. Isso para mim é fundamental.
Tribuna – E o que o senhor pretende fazer para que os serviços públicos prestados pela prefeitura comecem efetivamente a funcionar?
Pelegrino – Primeiro, nós vamos fazer, logo nos primeiros dias da minha administração, o que nós estamos chamando de operação “Ordem na Casa”. Vamos fazer a revisão de todos os custos da prefeitura, todos os contratos de terceiros, de fornecedores, todos os contratos que existem hoje que geram custo na prefeitura. O governo do Estado fez isso e em quatro anos economizou R$ 600 milhões. E vamos levantar medidas no sentido de melhorar a performance financeira do município. Esse é o binômio. Salvador é uma cidade que arrecada mal e gasta mal o que arrecada. Então nós vamos eliminar o desperdício. Vamos gastar bem o dinheiro público e vamos estabelecer prioridades, vamos melhorar também a performance financeira. E aí, é o que estou dizendo, nós logo nos primeiros dias da administração, nós vamos botar os postos de saúde para funcionar, porque isso é um dilema grande na cidade. Nós vamos fazer uma operação de limpeza da cidade. Tem muito lixo acumulado, principalmente nos bairros populares, e vamos regularizar a coleta. Nós vamos começar o processo de requalificação de 70 mil pontos de luz da cidade, que serão requalificados, com a troca, inclusive, das luminárias. Elas são antigas, desprotegem as lâmpadas, nós vamos fazer esse processo. E nós vamos iniciar a operação de recapeamento asfáltico. A cidade está toda esburacada. Então serão essas as providências mais emergenciais que vamos adotar no início, logo nos primeiros dias, nos 100 primeiros dias do nosso governo.
Tribuna – Um dos maiores problemas adotados pela população são justamente os gargalos do trânsito. O que o senhor vai fazer para que essas propostas que estão sendo colocadas agora no horário eleitoral sejam realmente visíveis a população, para que elas aconteçam na prática?
Pelegrino – Primeiro, tudo que nós estamos propondo nós estamos discutindo com o governo do Estado e com o Governo Federal. São os chamados 12 pontos críticos, que já foi encaminhado a consulta para o PAC das Grandes Cidades, PAC da Mobilidade, com intervenções importantes para a cidade. Nós já conversamos com o governador sobre a 29 de Março, que é uma avenida importantíssima para Salvador, que vai ligar a Paralela à BR-324. Ela vai trazer todo o fluxo daquela região de Cajazeiras, Águas Claras, Castelo Branco para a Paralela, porque isso, inclusive, será importante para que essa avenida seja integrada com o BRT e com o metrô, com a estação do metrô. Estamos conversando com o governo do Estado e o Governo Federal sobre essas propostas. O governo do Estado está contraindo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento um empréstimo de US$ 200 milhões (dólares) e vai botar mais R$ 80 milhões (reais) para a reestruturação da saúde na Região Metropolitana de Salvador. Nós estamos negociando com o governo do Estado para colocar 30 postos de saúde nesse pacote, oito policlínicas e dois centros de especialidade odontológicas. E já estamos em fase avançada de conversas com o secretário Jorge Solla sobre isso. Tem as 12 UPAs, 10 já estão contratadas e duas o governo do Estado fará, em parceria com a gente, então as 12 UPAs já estão encaminhadas. Portanto, tem recursos do Pronatec e do programa de educação de jovens e adultos do governo do Estado para a gente fazer os 100 mil cursos profissionalizantes. As 138 creches também já estão com os recursos disponibilizados pelo Governo Federal, é só a gente ter a prioridade para poder fazer e botar para funcionar.
Tribuna – Quanto à licitação de ônibus, dos transportes coletivos será colocada em prática e quando a prefeitura vai exigir o cumprimento efetivo de um bom serviço prestado à população?
Pelegrino – Primeiro, eu penso que, tanto a licitação do lixo quanto à do transporte, deverão ser feitas na próxima administração. É quem tem legitimidade para isso. No caso do transporte coletivo, tem dois eventos que precisam ser balizadores. Primeiro é a pesquisa de origem e destino que está sendo feita pelo governo do Estado. Acho que, com a conclusão da pesquisa de origem e destino, essa pesquisa vai orientar melhor como refazer as linhas de transporte coletivo da cidade. Essa é a primeira prudência. A segunda prudência é que nós temos uma formatação do metrô no futuro. Então o sistema de transporte coletivo, os ônibus da cidade vão alimentar as linhas troncais do metrô. Então, quando se fizer a licitação, já tem que se pensar também nesse gap, para que você possa no futuro fazer essa adaptação. Então eu acho que o próximo governo tem mais legitimidade para fazer isso. No caso do lixo, até a concessão ela é importante, porque você vai fazer uma concorrência pública, mas tem que também pensar o esquema de coleta seletiva e reciclagem que estabelece a Lei de Destinação de Resíduos Sólidos, que deve entrar em vigor agora em dezembro. Ela estabelece um percentual de reciclagem e coleta seletiva. A própria licitação já tem que contemplar isso. Como também a organização de uma rede complementar, principalmente onde a coleta regular não alcança, onde o caminhão compactador não passa, onde não tem um contêiner perto. Nós podemos complementar esse esquema com uma rede de catadores, de recicladores, porque nós só vamos atender a lei, mas como é um compromisso com a sustentabilidade. Acho que o próximo prefeito tem que formatar as licitações levando em conta esses elementos.
Tribuna – Deputado, a orla de Salvador, em termos de belezas naturais, sem dúvida alguma, tem muitos predicados, mas ela foi tão abandonada e tudo o que aconteceu nos últimos anos acabou esvaziando a orla como opção de lazer para a cidade e de atração do turista. Que propostas você tem para efetivamente transformar a orla numa aposta, num portão de chegada para os turistas?
Pelegrino – Primeiro a orla peninsular, nós já estamos conversando com o governo do Estado e já tem um projeto. Nós até já mostramos no horário eleitoral gratuito, que é um projeto de requalificação da orla da península e uma parte da orla da Suburbana também, aborda ali, com a via de contorno, de acabar com as palafitas e fazer uma avenida de contorno, e também requalificar espaços urbanos. No caso da orla atlântica, que é também uma área importante da cidade, a ideia é a gente montar, estamos conversando sobre isso, um projeto, em parceria com o setor privado, uma PPP, para requalificar a nossa orla. E aí a gente pode buscar recursos do Banco do Brasil, recursos da Petrobras, que ajudou na requalificação da orla do Rio de Janeiro. A ideia é colocar as barracas no calçadão, ampliar o calçadão e botar as barracas no calçadão. E ordenar. Em contrapartida com a iniciativa privada, é um projeto de mais de R$ 1 bilhão e nós já estamos trabalhando nele, já estudamos ele, para que nós possamos requalificar a orla atlântica e a orla peninsular e a orla suburbana.
Tribuna – Nelson Pelegrino assumindo a prefeitura em 1º de janeiro, quando as pessoas vão conseguir enxergar uma orla nova na cidade? Isso é palpável, a gente consegue dimensionar quando a orla vai ter um aspecto diferente?
Pelegrino – Primeiro, a gente vai, logo nos primeiros dias, do nosso governo, procurar requalificar os Sete Pontos Mágicos da cidade. Os sete principais pontos turísticos. E vamos dar uma arrumada na orla também. Agora uma mudança mais estruturante só com o projeto orla. E aí nós estamos trabalhando nesse sentido, mas acho que logo pro verão, para a Copa das Confederações, nós podemos fazer algumas ações, recuperação de áreas, iluminação, que possa melhorar a qualidade da nossa orla e também vamos tirar o metrô do papel.
Tribuna – Um dos problemas que o prefeito João Henrique sempre colocou como o impeditivo para a cidade foram os órgãos de controle. Como o senhor vai agir diante de órgãos como o Iphan, Ipac, Ibama, Patrimônio da União, o que acaba atrasando projetos de desenvolvimento para a cidade?
Pelegrino – Com diálogo e autoridade. Eu fui secretário de Justiça e não tive nenhum problema com os órgãos ambientais, nem com os órgãos de controle, nem com os órgãos de fiscalização. Se você tem autoridade, se o seu projeto tem legitimidade, se ele acontece a partir de um amplo debate público, nos foros da cidade, você dificilmente tem esse nível de dificuldade. Então é evidente que você tem que ter diálogo, mas tem que ter autoridade. Veja aí a Arena Fonte Nova. Nós tivemos dificuldades iniciais, alguns ambientalistas discordaram da demolição, teve algumas questões da relação com o Tribunal de Contas, mas todas essas etapas foram vencidas e no final do ano o governo do Estado deve entregar o estádio.
Tribuna – Uma coisa que o senhor falou há pouco tempo foi a questão da mobilidade. O metrô, qual a ideia de Nelson Pelegrino para o metrô de Salvador? Quando a linha que já está pronta entra em vigor e quando a linha de complemento até a Estação Pirajá pode ser colocada em obra e começar a funcionar?
Pelegrino – Primeira coisa, eu logo, se eleito for, vou sentar com o governador para discutir o metrô de Salvador. A minha ideia é que o metrô seja estadualizado. Nós temos que fazer uma empresa metropolitana, tem que virar uma empresa metropolitana, sob comando do governo do Estado, com a participação de Salvador e de Lauro de Freitas e que a empresa seja responsável por levar adiante as obras do metrô. O metrô de Salvador será construído em parceria público-privada também. Isso é importante, é fundamental. Eu penso que o metrô de Salvador foi uma sucessão de erros. Logo no projeto original, quando às pressas, em 1999, foi encaminhado um projeto que já estava defasado. Que tinha uma série de buracos, inclusive na sua equação financeira, por isso, inclusive, que a Cassi saiu fora, que era o setor privado, que ia comprar os trens e administrar. E agora o governo do Estado está querendo fazer uma coisa mais responsável. Pode até demorar mais, mas uma coisa mais definitiva. Teve primeiro o processo de manifestação de interesse, onde o modal foi selecionado, que é o modal do metrô, mas que vai dialogar com outros modais também, inclusive o transporte de ônibus, que vai alimentar o sistema. Agora nós estamos na fase de consulta pública, e depois vai a fase de licitação em bolsa. O que é que pode e vai viabilizar o metrô de Salvador? Primeiro, nós conseguimos do governo do Estado, e conseguimos junto ao Governo Federal, R$ 1,250 bilhão e R$ 250 milhões de saldo para a conclusão da linha 1, do Acesso Norte até Pirajá, que é importante terminar os 12 quilômetros, e um R$ 1 bilhão, com mais R$ 600 milhões que o governo do Estado está tomando junto a Caixa Econômica Federal, R$ 1,6 bilhão para a construção da linha 2. E a iniciativa privada pode colocar mais R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões, a depender da formatação. Então, primeiro o aporte por parte do governo do Estado, por parte do Governo Federal, dará a confiança a iniciativa privada para fazer o aporte privado. E a garantia do governo do Estado de que ele vai bancar o subsídio para o funcionamento do sistema. Há uma iniciativa hoje que esse subsídio deve girar em torno de R$ 100 a R$ 150 milhões por ano. No mundo inteiro o metrô é subsidiado. A Prefeitura hoje não tem como colocar o metrô para rodar porque não tem R$ 40 milhões para botar para rodar. O envolvimento do governo do Estado e do Governo Federal é fundamental. Sem o governo do Estado, o metrô não roda.
Tribuna – O senhor fala muito da questão da relação com o governo do Estado e com o Governo Federal. Qual a fórmula para gerir Salvador com a dificuldade de orçamento que existe hoje?
Pelegrino – A fórmula é a parceria, não tem outra. A cidade arrecada R$ 3,7 bilhões por ano e só dispõe de R$ 100 milhões por ano para investimento. É em torno de R$ 8 milhões por mês. Isso é nada. Salvador, que tem um piso asfáltico velho, que precisa ser requalificado. A nossa previsão é que isso vá custar mais de R$ 300 milhões. É uma cidade que precisa de novas vias, para circular melhor. Só a 29 de Março deve custar mais de R$ 300 a R$ 400 milhões. Mas também tem a requalificação da Gal Costa. A Via Expressa está custando R$ 400 milhões também. Então, os investimentos estratégicos que a cidade precisa, se não tiver a participação do governo do Estado e do Governo Federal, não se viabilizam. E aí também nós vamos precisar da parceria para o projeto orla, nós vamos precisar da parceria para requalificar a saúde da cidade, nós vamos precisar da parceria com o Governo Federal para as creches. Então, a parceria é fundamental. E essa parceria, para a gente entender, não é só o que o governo do Estado tem capacidade de aportar – e o Governo Federal -, porque nós temos mais de 5 mil municípios no Brasil e 417 municípios na Bahia, então há uma disputa pelo bolo orçamentário federal e estadual. Então você tem que ter um prefeito que tenha capacidade de fazer essa disputa, que tenha autoridade e que tenha diálogo. Eu tenho autoridade e eu tenho diálogo com o governo do Estado e com o Governo Federal. Eu tenho condições de sentar na mesa com o governo do Estado e tenho condições de sentar na mesa com o Governo Federal. Então, isso é um diferencial. Outra coisa é o seguinte, é importante ter um prefeito que seja parceiro não só porque é do mesmo partido, mas é porque ele tem sintonia com esse momento que o Brasil está vivendo. Os programas hoje que são executados pelo Governo Federal e pelo governo do Estado, se não tiver um prefeito que seja parceiro, que tenha a mesma identidade política, esses programas não chegarão, porque não serão prioridades do prefeito. Veja o Luz Para Todos, eu sempre comento isso. Luz Para Todos teve um empuxe grande no governo Wagner (Jaques Wagner). Mas teve dificuldades de se desenvolver no governo Paulo Souto, porque não era prioridade do governo Paulo Souto o Luz para Todos. Porque não tinha identidade política, que aquele programa era um programa essencial. Entendeu? Essa identidade, esse jogar no time é fundamental. Essa integração é fundamental. O próprio metrô de Salvador, ele ficou patinando aí um período, vocês acompanharam, porque estava havendo divergências entre governo do Estado e o Governo Municipal para chegar num formato. Essa sintonia é importante para as coisas acontecerem. É como num jogo combinado. Eu faço uma parte e o governo do Estado faz outra, a gente combina e senta para combinar. Esse diálogo permanente é importante.
Tribuna – O senhor acha que isso chegou ao eleitor de uma maneira clara e tem sido determinante para esse momento que a eleição está vivendo?
Pelegrino – Eu penso que cada vez mais a cidade identifica que ela precisa dessa parceria para ela enfrentar seus desafios estratégicos. Volto a dizer, não é só uma parceria de ter um prefeito que tenha capacidade de sentar com o governador e com a presidente da República e trazer os recursos, mas é uma parceria também de identidade com o momento que a Bahia e o Brasil está vivendo. E a gente poder, veja bem, saúde, é uma prioridade para o governo do Estado, vai ser uma prioridade nossa. Creches, é prioridade? Nós vamos fazer, o que a atual administração não fez. Ensino profissionalizante. Na área de combate à miséria e à pobreza. Nós temos um programa hoje que é o Brasil Sem Miséria, o Brasil Carinhoso, o Vida Melhor do Governo do Estado. Não tem uma melhor tradução do plano municipal. Então nós vamos poder fazer essa extensão, vamos pode fazer essa complementação, sem descuidar das propostas locais. Por exemplo, a proposta do bilhete único ela tem uma repercussão positiva na cidade. Isso é proposta que envolve o poder local. Mas, no futuro, quando houver a integração com o metrô, isso vai ter que se fazer um debate com o governo do Estado para que o governo do Estado incorpore isso na fórmula do metrô também.
Tribuna – E tem uma abrangência com as cidades da Região Metropolitana. Qual vai ser a relação do senhor com a iniciativa privada?
Pelegrino – Relação de parceria, relação de buscar fazer com que a iniciativa privada gere empregos na cidade e gere renda para o povo de Salvador. Salvador é a capital nacional do desemprego, é a capital nacional da informalidade. Então, a nossa estratégia, o nosso plano de governo, ele identifica quais são as vocações naturais da cidade, como o turismo, o entretenimento, os serviços, saúde, educação, construção civil. São nichos de negócios que a cidade tem que a gente tem que potencializar e desenvolver e procurar desenvolver Salvador e colocar na rota de outros nichos que ela não está hoje. Tecnologia da informação, economia criativa, que hoje é a grande economia do mundo, Salvador tem que entrar, o Parque Tecnológico já foi uma contribuição importante, que a gente quer cada vez mais desenvolver, as soluções criativas. Salvador é uma cidade que é o celeiro cultural do Brasil. Então também a cultura é fundamental para a cidade. A geração de emprego e criação de renda tem que ser prioridade do próximo prefeito, que através de uma relação permeável com a iniciativa privada, sempre resguardando o interesse público, procurar ajudar a iniciativa privada a desenvolver no município, disputar esse mercado, atrair empresas que foram embora para Salvador, inclusive até com incentivos fiscais, para que elas possam gerir emprego e renda no município.
Tribuna – Em caso de segundo turno, o senhor se sente a vontade para sentar na mesa com hoje seus adversários e os dirigentes desses partidos – eu diria em especial, o senhor sentaria com Geddel Vieira Lima para negociar o apoio do PMDB?
Pelegrino – Olha, nós não temos nenhum problema em receber nenhum apoio. Estamos conversando, evidentemente, guardando o devido respeito, porque a eleição está em curso, mas, conforme as próprias pesquisas apontam, o cenário no segundo turno não é um cenário que está consolidado. Estamos bastante confiantes, afinal o povo nos mostra isso. Mas, nós temos mantido um bom diálogo com Mário (Kertész), nós temos mantido um bom diálogo com Marinho (Márcio Marinho), temos um diálogo com Da Luz, e não temos nenhum problema nenhum para conversar com o pessoal do PSOL. Agora, nós vamos esperar o cenário do segundo turno, ele consolidado, vamos dialogar. Mas não temos problema em dialogar com nenhum candidato, para discutir, porque nós temos um projeto para a cidade e se vierem sugestões programáticas que sejam importantes, nós vamos incorporar. A nossa ideia é unir todo mundo no segundo turno. Todos os partidos, afora o PSOL, mas o PMDB e o PRB já estão na base do Governo Federal. O PMDB não está na base do governo do Estado, mas o PRB está. Eu penso que é natural o diálogo nesse campo.
Tribuna – Mantido, esse cenário, há algum risco de o senhor receber o apoio de Mário num eventual segundo turno e ver o PMDB marchar com o candidato do DEM?
Pelegrino – Essa hipótese nós temos que considerar ela quando ela realmente se apresentar. Eu trabalho para ter o apoio de todos. Vamos analisar o cenário para ver.
Tribuna – E o que o senhor faria diferente do que o prefeito João Henrique fez ao longo desses últimos anos?
Pelegrino – Muita coisa. Primeiro, a prefeitura precisa de gestão. Acho que tem pouca gestão. Acho que há também um problema de autoridade na cidade. Um problema de ordenamento na cidade também. É preciso tomar medidas no sentido de recuperar a capacidade administrativa e financeira do município. Salvador termina esses oito anos da atual administração sem ter dinheiro para manter a cidade. A manutenção da cidade está comprometida. Depois de oito anos, a manutenção está comprometida. Não houve uma melhora significativa da performance financeira do município. Então, as primeiras medidas que vamos tomar são para ir, paulatinamente, recuperando a capacidade do município, pelo menos fazer o que é básico, que é a sua manutenção, manter as vias de circulação conservadas, limpar a cidade, iluminar a cidade, coletar o lixo, manter os serviços básicos. Nós temos muito postos de saúde que não funcionam na cidade, ter que colocar os postos de saúde para funcionar. Com médicos, medicamentos, equipamentos. É preciso fazer intervenções no sistema viário, para melhorar a qualidade do transporte, do trânsito na cidade. Como tem uma série de políticas específicas, que a atual administração não desenvolveu. Nós não temos políticas para moradores de rua em Salvador, não temos praticamente nenhuma política em relação a pessoas que são usuárias de álcool e outras drogas. Não tem quase nada de política em relação à acessibilidade. As pessoas idosas, a pessoas com deficiência, crianças e adolescentes que estão em situação de risco não temos quase nada de política. Cidade Mãe foi completamente desativado, nós vamos retomar o cidade mãe também. Então eu diria que muita coisa há de ser feita na cidade.
Tribuna – Um dos projetos de mobilidade considerados mais importantes pela população seria, além de metrô e de ônibus, seria a questão de ciclovias e um sistema que desse mobilidade através de bicicletas. Existe um projeto – foi anunciado pelo governo do Estado – de construir 91 quilômetros de ciclovias na cidade. Isso vai ser uma prioridade para o senhor? Dar essa mobilidade para as pessoas que gostariam de utilizar a bicicleta como meio de locomoção?
Pelegrino – Nós conversamos com o pessoal da Conder e montamos um projeto que são 217 quilômetros de ciclovias e ciclo faixas também – porque às vezes tem ciclovias que se reserva uma faixa de domínio da pista. Muita gente anda de bicicleta nessa cidade. Muita gente anda. E com uma insegurança grande. E não é só para esportes, não é só para lazer. É para o trabalho, é para ir para a escola. Nós vamos desenvolver um projeto chamado Cidade Bicicleta, que está sendo desenvolvido junto com o pessoal da Conder, porque esse é um meio de transporte para a cidade.
Tribuna – A estratégia do senhor a partir de agora, o que o senhor pretende fazer para crescer junto ao eleitorado nessa reta final?
Pelegrino – Corpo a corpo intenso. Na rua, eu tenho tido uma relação de muito estímulo da população. As pessoas que apertam a minha mão, me abraçam, me beijam, me incentivam. É uma coisa que me toca muito, as pessoas dizem “tenha fé em Deus”, “Deus está no comando”, “Jesus Cristo lhe proteja”, “a vitória será em nome de Jesus”. As pessoas me incentivam muito na rua, isso é um oxigênio importante. O corpo a corpo nós vamos intensificar, a apresentação das nossas propostas também e o nosso projeto para a cidade. É isso, basicamente. Vamos manter o nível elevado da campanha. Estamos preocupados com alguns rumores, que na reta final pode ter algumas ações meio de baixar o nível da campanha. A gente quer alertar a população. Da nossa parte, nós vamos construir uma relação de lealdade com a cidade, com os outros candidatos. Nós vamos fazer uma campanha em bom nível.
Tribuna – O alvo principal vai continuar sendo o candidato ACM Neto?
Pelegrino – Não. O nosso principal mote será o debate da cidade. O que nós estamos mostrando em relação a ele é só o que ele assumiu como posturas. Então, hoje, por exemplo, o Tribunal acabou de nos dar uma vitória por cinco a um, dizendo que não há nenhum tipo de violação à Legislação Eleitoral dizer que o partido do candidato ACM Neto foi contra as cotas. E é verdade. Ele votou contra no plenário e foi ao Supremo Tribunal Federal para dizer que o partido era contra as cotas. Então a gente tem colocado são posicionamentos que o PT tem feito algumas observações com relação ao governo do Estado, algumas críticas ao governo do Estado, ao Governo Federal, da disputa política. Agora, o que nós não vamos fazer é o que ele tem feito, alguns ataques pessoais, no caso, quando ele quis me vincular à crise política, eu tive que energicamente repelir, entrando com uma representação criminal, porque eu tenho 22 anos de vida pública, sou candidato Ficha Limpa, tenho uma trajetória de luta e de vida pública irretocável, não vamos aceitar que a minha honra seja atacada.
Tribuna – Nelson Pelegrino prefeito, qual a cidade que o senhor vislumbra para que a população comece a ver, caso o senhor seja prefeito de Salvador?
Pelegrino – Uma cidade bem cuidada, uma cidade com prefeito, que vai ter o seu administrador, o seu gestor, o seu líder político. Eu quero ser não só o bom gestor dessa cidade, vou dar todas as minhas forças. Vou ser o prefeito mais dedicado que Salvador já teve. Vou procurar me empenhar para poder enfrentar e resolver os principais problemas da nossa cidade. Agora a contribuição que eu quero dar, além de construir uma cidade melhor, é construir um projeto de futuro para Salvador, que Salvador não tem. Há muitos anos Salvador não tem um projeto de futuro. Então, a minha contribuição também será essa. Iniciar a construção de um projeto estratégico para Salvador, pelos próximos 30 anos. Um projeto que ordene a cidade, que recupere a gestão, um projeto que identifique quais são os principais nichos econômicos da cidade, que desenvolva esses nichos, e que procure desenvolver outros nichos econômicos também. Um projeto que possa projetar a cidade do futuro, que ela se desenvolva do ponto de vista urbanístico de forma igual e não só para uma região da cidade, mas procurar desenvolver a Península, o Subúrbio, Cajazeiras, o miolo, a região da grande Liberdade, isso é muito importante. É uma cidade que tenha sustentabilidade ambiental, nosso compromisso com a sustentabilidade ambiental. E uma cidade que seja socialmente mais justa.
Tribuna – Assumindo em primeiro de janeiro, a gente vai ter seis meses até a Copa das Confederações e um ano e meio até a Copa do Mundo. O que vai ser possível fazer em um curto espaço de tempo para preparar a cidade e deixar com que ela não se mostre tão pessimamente para todo mundo que vai virar os olhares para aqui?
Pelegrino – Primeiro, a gente vai adotar medidas para recuperar a autoestima dos soteropolitanos. Isso são medidas no sentido de requalificar a nossa cidade, de que os soteropolitanos tenham a dimensão de que essa cidade tem um prefeito. Tem uma autoridade, tem um gestor dela. Que vai cuidar das cidades e vai cuidar das pessoas. Eu tenho conversado muito com o governador e com o Governo Federal sobre ações que nós temos que desenvolver para melhorar a infraestrutura da cidade tanto para a Copa das Confederações quanto para a Copa do Mundo 2014. E acho que é possível dar uma ajeitada na cidade, dar uma arrumada na cidade para ambos os eventos.
Tribuna – Durante muitos anos, houve grandes falhas na cidade, como, por exemplo, as Malvinas. Qual o seu programa para o tratamento dessas áreas, com relação ao urbanismo ou em termos de confirmação da posse das áreas?
Pelegrino – Nós vamos desenvolver na prefeitura um amplo programa de regularização fundiária. Quando Ângela Gordilho estava, no primeiro governo de João Henrique, ela é uma pessoa que tem identidade com o nosso projeto, a Prefeitura concedeu muitos títulos de terra, iniciou um processo de regularização fundiária. O Governo Federal também fez um projeto de regularização fundiária, nas áreas de Marinha, nas áreas de domínio da União. Então, nós vamos retomar isso, nós vamos retomar o processo de escrituração, primeiro o levantamento, escrituras. A regularização fundiária é importante em Salvador e nós vamos trabalhar nesse sentido. E a regularização traz melhorias também com urbanização também. E buscar recursos do Governo Federal, que são recursos do PAC para a infraestrutura. Nós temos quatro grandes obras do PAC em Salvador de infraestrutura. Em Novo Horizonte, na CIA-Aeroporto, também na Cajazeiras 8, Jardim das Mangabeiras, a Baixa do Soronha, que está sendo retomada ali naquela região do Parque do Abaeté, e também a Nova Constituinte. Então nós temos quatro grandes obras do PAC e nós queremos, em parceria com o governo do Estado, levar adiante e tentar, aquela história que falei, nós temos que investir em projetos porque esses projetos são fundamentais para a captação de recurso do PAC e do Orçamento Geral da União.
Tribuna – O senhor acredita que o novo prefeito, independente de quem ele seja, vai ter que assumir uma postura de diálogo muito mais direta com a sociedade, com a população da cidade?
Pelegrino – Não há como governar uma cidade como Salvador, complexa como ela é, sem um amplo diálogo com todos os setores. O meu governo vai ser um governo de permeabilidade, de diálogo permanente. Logo nos primeiros dias da nossa administração, nós vamos instalar câmaras setoriais, com os segmentos empresariais da cidade, para poder dialogar com esses segmentos e como é que nós podemos fazer em termos de legislação, em termos de agilidade de procedimento de registro, de licença, para que a gente possa modernizar a máquina administrativa, para dar mais agilidade a ela, transparência e agilidade. Ver o que a gente pode mudar de legislação para que a gente possa ajudar o empresariado, nós vamos iniciar o processo de implantação do orçamento participativo em Salvador também. Vamos fazer descentralização administrativa, vamos transformar as SIGAs em subprefeituras, com capacidade de iniciativa do administrador, que vai se profissionalizar, acabar com essa história do administrador regional ser o cabo eleitoral do vereador mais votado no bairro. Isso tem que acabar. A administração regional tem que ser profissionalizada, ela tem que ter um gestor. Vamos criar o Conselho Municipal da Administração Regional, com capacidade inclusive de fiscalizar, de dialogar com o administrador regional. Então, é preciso ter um diálogo permanente com toda a sociedade. Quando esse diálogo acontece as coisas fluem melhor e a gente aprende muito com a população e com os segmentos organizados para fazer uma cidade melhor. O orçamento participativo é importante também porque você tem transparência, você tem participação popular. Em toda a cidade em que o orçamento participativo foi implantado, ela melhorou a arrecadação inclusive. As pessoas passam a entender a importância do tributo. Passam a ter a consciência de que cada curso que ela paga de impostos, isso vai ser revertido para a sua rua, para o seu bairro como um todo.
Tribuna – E qual a mensagem que o senhor deixa para a população nessa reta final de campanha?
Pelegrino – Uma mensagem de otimismo. Salvador é uma cidade que nasceu bela, por natureza. É uma cidade que tem um povo maravilhoso, que é fruto dessa mistura de culturas e raças, um povo guerreiro, um povo criativo, que sofre, mas que vai a luta. Tendo um bom prefeito, que chame para si a responsabilidade de governar essa cidade, de ser o elemento catalizador das energias dela, das energias econômicas, das energias sociais. Essa cidade tem condição de sair dessa situação, para que volte a ser feliz novamente. E eu tenho certeza que nós vamos fazer isso.
Colaboraram Fernanda Chagas e Fernando Duarte.

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