Economia
Fiol só tem 5% de obras iniciadas
Alessandra Nascimento REPÓRTER
Tribuna da Bahia
Com apenas 5% das obras iniciadas e um atraso de dois anos no cronograma de entrega das obras da Ferrovia da Integração Oeste Leste, Fiol, foi realizada ontem em Jequié uma reunião a portas fechadas entre o governador da Bahia, Jaques Wagner, o ministro dos Transportes, Paulo Sergio Passos, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o presidente da Valec, estatal responsável pelo projeto da Ferrovia, Jose Eduardo Castello Branco, além de políticos e representantes das empresas que ganharam a licitação dos lotes.
O consenso entre os presentes foi o grande atraso, fazendo com que o prazo de entrega, que antes era 2012, fosse adiado para 2014. Segundo o presidente da Valec, Jose Eduardo Castello Branco, o trecho de Figueirópolis não está incluso nas obras do PAC. Ele adiantou que em relação ao projeto da Fiol no qual passava sobre cavernas algumas partes, apontado pelo Ibama, Castello Branco admitiu erros no projeto básico.
“Não era minha gestão. Para solucionar os problemas levantados nesse trecho ainda estamos promovendo estudos. Esse é o lote 6, mas será muito difícil encontrar um traçado sem gerar problemas ambientais. Tem sido nosso maior desafio, mas acreditamos que até o final deste ano tenhamos novo projeto.
Os lotes 7 e 8 também apresentam problemas semelhantes por passarem em áreas de cavernas. Ao realizarmos as adequações já teremos as soluções para os demais lotes. No entanto o Ibama não aprova as licenças por lotes, mas sim na íntegra e nos solicita esclarecimentos no projeto e alternativas para esses problemas levantados”, explica.
A ministra Miriam Belchior adiantou que pontos determinantes para a execução das obras da Fiol dos trechos já licitados como as desapropriações serão feitos em conjunto com o governo da Bahia a partir de uma força tarefa.
“A questão é bastante delicada, mas esperamos que, com o apoio do governo baiano, essa etapa possa ser adiantada”, frisa. A ministra ressaltou que foram discutidos quatro lotes da Fiol que vão de Ilhéus a Caetité.
“Daqui para a frente realizaremos periodicamente reuniões para acompanhar a evolução das obras”, disse a ministra que negou a existência de problemas para liberação de recursos para as obras.
No tocante a questão ambiental, considerado o maior desafio para a execução das obras, a ministra ressaltou a assinatura de um termo de compromisso com o Ibama sem haver mais embaraços nesta questão.
Sobre o ponto envolvendo o Tribunal de Contas da União, que levantou questionamentos sobre os custos dos dormentes, a ministra disse que há um estudo compartilhado e que será reapresentado ao TCU. Ela acredita nos entendimentos até o próximo dia 16, quando haverá manifestação por parte do Tribunal. “A reunião de hoje foi franca. Todos colocaram seus problemas e acreditamos que tudo seja solucionado”, diz.
Nas liberações ambientais também passam por pressões políticas de grandes empresários brasileiros cujos negócios se estendem no eixo Rio-São Paulo.
Bahia Mineração reclama
O presidente da Bahia Mineração, José Francisco Viveiros, ressaltou que os atrasos nas obras fazem o estado deixar de ganhar em tributos e geração de empregos, estimados em 3 mil postos de trabalho. “O prazo inicial de entrega das obras da Fiol era 2012. Tanto a ferrovia quanto o porto se encontram em atrasos.
O projeto de mineração depende de minério e logística. Já temos nossas licenças, mas é vital a ferrovia e o porto para o escoamento. Esperávamos que essas questões se resolvessem mais rápido. Os atrasos prejudicam a implantação do empreendimento. O mercado de minério de ferro está aquecido com a demanda e não sabemos até quando ele vai durar”, afirma.
Viveiros reconhece o apoio do governo da Bahia, mas ressalta a frustração com os atrasos. “Estamos no limite de implantação do projeto”, avalia. Ele revelou que nas próximas semanas serão entregues junto com o governo da Bahia os esclarecimentos solicitados pelo Ibama e não descartou, se as obras forem iniciadas, a criação de uma plataforma intermodal em Jequié e o escoamento do minério de Minas Gerais, de outro projeto do grupo, pelo novo modal logístico.
Atraso onera custo da obra
Os atrasos nas obras, entraves com o Ibama e o TCU têm custado aumento nos valores outrora estimados na execução das obras da Fiol. Se entregues em 2012, dentro dos prazos anteriormente apresentados, ela custaria R$ 5,4 bilhões. No entanto, segundo cálculos da Comissão Especial da Fiol, hoje são estimados, com a conclusão de parte dos trechos em 2014, em R$ 7,1 bilhões.
A Fiol, ao longo dos seus 1.490 quilômetros de extensão deve fomentar o desenvolvimento da nova fronteira agrícola brasileira, que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Estima-se que já em 2015 sejam escoados 6,7 milhões de toneladas de grãos, além de uma produção, de acordo com cálculos da Valec de 45 milhões de toneladas de minério a partir de 2015.
O projeto de criação de uma ferrovia rasgando o Brasil de Oeste a Leste é uma iniciativa antiga e visionária do engenheiro Vasco Neto, pensada há 50 anos atrás, contrariando o tradicional vetor de crescimento Norte e Sul do país.
Wagner vai conversar com Dilma
O governador da Bahia, Jaques Wagner, afirmou que estará na semana que vem conversando com a presidente Dilma Roussef sobre os projetos da Fiol e do Porto Sul. “O projeto do Porto Sul depende de uma nova formatação a ser apresentada pelo governo federal. Essa modelagem encontra-se em estudo.
Defendo que possa atuar nos padrões estabelecidos”, cita. Para Wagner a reunião marca uma mudança na postura da Valec e do governo federal, que antes deixava brechas e interrogações que geraram os atrasos nas obras. “Estamos confiantes no entendimento”, disse.
A deputada Ivana Bastos, da Comissão Especial da Fiol, anunciou que os políticos da Bahia estarão em Brasília no próximo dia 11 para conversar com os presidentes da Valec, do Tribunal de Contas da União e representantes da área de licenciamento ambiental do Ibama. “Trata-se de uma obra de grande porte crucial para o desenvolvimento de nosso estado.
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