terça-feira, 22 de março de 2011

Ministério da Defesa

Resenha Diária produzida pela ASCOM/MD
terça-feira, 22 de março de 2011

SETOR AÉREO

Dilma estuda nomes alternativos para a Secretaria de Aviação Civil

Cristiano Romero
De Brasília

Depois de esperar, em vão, por uma resposta do executivo Rossano Maranhão, a presidente Dilma Rousseff pode nomear o ex-ministro das Cidades Márcio Fortes para comandar a recém-criada Secretaria de Aviação Civil. Ligado ao PP e ao senador Francisco Dornelles (PP-RJ), Fortes é tido como um "coringa" pela presidente, que pensou, inicialmente, em nomeá-lo para presidir o Eximbank, uma subsidiária a ser criada no âmbito do BNDES para financiar exportações.

No fim de semana, Fortes ganhou um aliado de peso - o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Em conversa com a presidente Dilma, Cabral defendeu a nomeação do ex-ministro. A escolha seria uma forma de compensar o PMDB fluminense pela perda de cargos no segundo escalão, especialmente em estatais como Furnas Centrais Elétricas. Cabral ajudou a eleger Dornelles no pleito do ano passado e os dois, segundo apurou o Valor, estariam articulando a possível nomeação de Márcio Fortes.


O nome do ex-ministro não é pacífico dentro do governo. O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, indicou Rossano Maranhão para a nova secretaria, bem como o novo presidente da Infraero, Gustavo do Vale, que toma posse hoje em Brasília, e o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Henrique Meirelles. Com a nomeação desse trio, o plano era promover um choque de gestão no setor de aviação, principalmente na infraestrutura aeroportuária, abrindo-o para investimentos privados.

Presidente do Banco Safra, Rossano encontrou dificuldades para deixar a instituição, onde trabalha desde 2005. Sondado em janeiro, aguardava a criação da Secretaria de Aviação Civil para dar uma resposta definitiva ao Palácio do Planalto. O governo cogitou esperar, inclusive, por sua desincompatibilização no prazo de um ou dois meses, mas a resposta do executivo nunca veio. O clima ontem, na cúpula do governo, era de frustração. Palocci não tinha um Plano B.

Nos bastidores, percebendo que não conseguiria deixar facilmente o Safra, Rossano teria sugerido o nome do presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco. Executivo da TAM por 20 anos, quando chegou a atuar como braço direito do comandante Rolim Amaro, fundador da empresa, Falco conhece bem o setor de transporte aéreo.

Formando em engenharia aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Falco deixou a TAM depois da morte do comandante Rolim, em 2001. Uma empresa caçadora de talentos o indicou para presidir a Telemar (hoje, Oi), a maior companhia telefônica do país, cargo que ele exerce desde então. "Não tem ninguém mais habilitado para o novo cargo do que ele", afiança um interlocutor da presidente Dilma.

À frente da Oi, Falco negociou com Dilma, então ministra da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a implantação de serviços de banda larga em escolas públicas. Dilma negociou a troca de uma exigência imposta às teles à época da privatização - a instalação de orelhões e postos de serviços por todo o país - pela banda larga nas escolas. As conversas não foram fáceis, mas Dilma e Falco, segundo revelam fontes ouvidas pelo Valor, passaram a se admirar mutuamente.

Um possível constrangimento à nomeação de Falco estaria no fato de a Oi ter, entre seus sócios, o grupo Andrade Gutierrez, que constrói e opera aeroportos no exterior e tem planos de fazer o mesmo no Brasil - a empresa, em consórcio com outras empreiteiras, tenta convencer o governo, desde a gestão Lula, a autorizar a construção de um terceiro aeroporto em São Paulo. Outra restrição seria o fato de a Oi ter associação com empresa de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um terceiro nome cogitado para a Secretaria de Aviação Civil é o do economista Marcelo Guaranys, indicado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Guaranys é, hoje, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e vinha sendo cotado para assumir o comando da agência, cargo que está vago desde o sábado.

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