terça-feira, 3 de julho de 2012

Chocolateiros internacionais conhecem em Ilhéus o diferencial do cacau baiano

DIFERENCIAL DO CACAU BAIANO

O cacau no Brasil leva a marca da agricultura sustentável, com o sistema cabruca, sendo responsável também pela preservação da Mata Atlântica. Este foi um dos destaques do cacau baiano, mostrado à delegação de chocolateiros internacionais, composta por 27 europeus, dois africanos e dois asiáticos, além de três brasileiros, que visitou segunda-feira (2) a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), acompanhada pelo secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles.



O chefe do Centro de Pesquisas do Cacau (CPC/Ceplac), Adonias de Castro, apresentou as atividades da instituição, destacando o potencial competitivo do produtor baiano e brasileiro. “Mostramos aos chocolateiros e jornalistas internacionais que há no Brasil uma estrutura de produção de cacau capaz de oferecer ao mercado um produto que atenda aos diferentes segmentos com chocolates de variedades de cacau, como se faz com o vinho”, explicou.



Para Salles, este é um momento histórico para o cacau da Bahia, “em que chocolateiros do todo o mundo vêm conhecer a realidade brasileira e a qualidade do cacau que produzimos, abrindo novos mercados. Além disso, vamos alavancar a cultura do cacau, incentivando a produção de amêndoas destinadas a chocolates finos. Nossa meta é atingir, a médio prazo, a produção de 400 mil toneladas de cacau/ano”.



Desenvolvimento científico e tecnológico



Na visita à Ceplac, os produtores de chocolate da França, Espanha, Portugal, Bélgica, Itália, Dinamarca, Japão, Costa do Marfim e São Thomé e Príncipe constataram que a Bahia possui suporte institucional para o desenvolvimento científico e tecnológico, além de rápida difusão de informações aos produtores locais para satisfazer as exigências de mercado. “Esse suporte que demonstramos aos visitantes é o diferencial competitivo da Bahia e do Brasil, em comparação aos países concorrentes”, declarou Adonias.



Ele informou que a vinda dos chocolateiros internacionais ao estado para participar do Salon du Chocolat da Bahia é muito importante, “para que eles conheçam in loco a nossa capacidade de produzir e torná-los admiradores do cacau baiano, já considerado o melhor do mundo, ganhador, por dois anos consecutivos, de concursos internacionais no Salon du Chocolat de Paris”. E lembrou que ao longo de quase 150 anos o produtor de cacau na Bahia foi capaz de praticar o desenvolvimento sustentável, “que é mantido até hoje como uma prática de vanguarda”.



De acordo com o presidente do Instituto Cabruca e da Câmara Setorial Nacional do Cacau, Durval Libânio, o sul da Bahia tem condições de produzir um chocolate gourmet, e essa troca de experiência com chocolateiros de países com tradição no setor é essencial. “Além disso, estamos aproximando essa região dos chocolateiros europeus, já que a Bahia tem a melhor logística do cacau no mundo, com estradas, porto, aeroporto, dentre outras instalações”.



Sabor que agrada ao europeu



“Além de adquirir amêndoas, vamos divulgar o cacau baiano na Europa. O sul da Bahia produz um cacau especial, único no mundo, amenolado, com sabor que agrada ao europeu”, disse o chocolateiro francês Jean Pierre Bensaid, revelando estar feliz com a oportunidade de conhecer fazendas de cacau na Bahia, a infraestrutura e o processo de produção. Ele assegurou que existem condições concretas para colocar no mercado mundial o chocolate de pura origem da Bahia.



Também francês, Jean Pierre Dujon-Lombard explicou que o consumidor europeu aprecia o cacau fino, e o Brasil deve se inserir entre os grandes produtores desse tipo de chocolate. “É importante conhecer o processo de plantio, colheita e fermentação nas fazendas baianas. Buscamos harmonizar chocolates de países diferentes, e aqui no sul da Bahia vamos aproveitar e harmonizar o cacau com produtos como pimenta, cupuaçu, maracujá e graviola”. Ele declarou que os chocolateiros franceses buscam também utilizar produtos que respeitem a relação natureza/ser humano, “como acontece no Brasil, onde não há exploração dos recursos naturais, nem dos trabalhadores”.



Laboratórios e fábrica de chocolate



Depois da palestra realizada no auditório do Centro de Treinamento da Ceplac, os chocolateiros internacionais visitaram os laboratórios e a fábrica de chocolate da instituição, uma unidade de produção de liquor de chocolate destinado a pesquisas, treinamento e incubação de mini, pequenas e médias empresas produtoras.



De acordo com Adonias, a Ceplac vem identificando oportunidades de mercado na Europa, Ásia e Américas, além do mercado interno, “aproximando os produtores de cacau do Brasil dos consumidores de liquor e chocolate, fortalecendo a imagem do cacau brasileiro, dando ênfase à qualidade e capacidade de produção”.



As atividades dos chocolateiros e jornalistas internacionais fazem parte da programação do Salon du Chocolat da Bahia, que pela primeira vez está sendo realizado na América Latina e em um país produtor de cacau. Até agora, o evento só acontecia em Paris, Nova York, Tóquio, Moscou, Shanghai, Madrid, Cairo, Bologna, Marselha, Lille, Lyon e Bordeaux.

AGECOM

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