BRASÍLIA
- O senador Telmário Mota (PDT-RR) entregou na tarde desta treça-feira, 24, à
Secretaria Geral da Mesa, a representação contra o senador Romero Jucá
(PMDB-RR). Telmário, que mais cedo protocolou uma denúncia contra o senador
Romero Jucá (PMDB-RR), resolveu retirar o pedido e entrar com
uma representação contra o peemedebista. Dessa forma, o senador pode
ser punido com cassação e não com uma advertência ou censura, punições máximas
previstas em uma denúncia.
Ao entregar o documento, Telmário devolveu ao
adversário político o xingamento de "bandido" e disse que ele
"deveria estar na cadeia". No início da tarde Jucá havia usado o
mesmo adjetivo para se referir ao pedetista. "Jucá deveria
estar na cadeia e só não está porque tem mandato", disse.
No novo documento, o presidente do PDT, Carlos
Lupi, assina a representação como representante do partido e Telmário como
apoiador. O argumento é que Jucá, na gravação de uma conversa com o
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, tentou obstruir a investigação da
Lava Jato. No diálogo revelado ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, o
senador dizia ser necessário "trocar o governo" para
"estancar" a operação.
Ao protocolar a representação, que deve ser apreciada
pelo Conselho de Ética do Senado, Telmário rebateu os ataques feitos mais cedo
por Jucá contra sua esposa. Ao comentar a representação da qual era alvo, Jucá
disse que a mulher de Telmário é foragida da Justiça e deveria ser presa
"Ele vive na bandidagem e acha que todo mundo
é bandido igual a ele", disse o pedetista. Segundo Telmário, os processos
contra sua esposa, condenada em segunda instância, ainda não foram encerrados.
"Ainda estão analisando o habeas corpus impetrado por ela", defendeu.
Próximos passos. Antes que a denúncia passe a tramitar no Conselho
de Ética do Senado, é feita uma avaliação de admissibilidade pelo presidente do
colegiado, João Alberto Souza (PMDB-MA), que tem até cinco dias úteis, a contar
do recebimento do processo, para aceitar ou recusar o pedido.
Caso aceita, a denúncia será analisada pelo
conselho após o sorteio de um relator. Caso rejeitada, cabe recurso ao plenário.
Gilmar Mendes diz que não
viu tentativa de barrar Lava Jato em ato de Jucá
Ministro
Gilmar Mendes durante sessão no STF Dida Sampaio|Estadão
Fornecido por Estadão Ministro Gilmar Mendes
durante sessão no STF
Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse
nesta terça-feira, 24, que não entendeu a conversa entre o ex-ministro Romero
Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como uma tentativa de
interferir na Operação Lava Jato. "Não vi isso. É uma conversa entre
pessoas que têm alguma convivência e estão fazendo análise do cenário numa
posição não muito confortável", afirmou.
O peemedebista deixou o cargo no governo do presidente em exercício
Michel Temer na segunda-feira após vir à tona áudios em que ele sugere um pacto
para deter as investigações. Tanto Jucá quanto Machado são alvos da Lava Jato,
que apura o esquema de corrupção que atuava na Petrobrás.
Gilmar, no entanto, disse que causou "incômodo" o fato de Jucá
ter afirmado que havia conversado com ministros do Supremo sobre o caso, mas
afirmou não ter sido procurado pelo senador. "Sou uma pessoa que tem bom
relacionamento com o Jucá desde o governo Fernando Henrique e ele nunca me
procurou sobre isso. Parece que isso é o tom de conversa geral", disse.
O ministro defendeu ainda que as reiteradas menções que políticos fazem
em relação a ter acesso a integrantes da Corte virou um "mantra", mas
não condizem com a realidade. "Sempre vem essa história: já falei com os
juízes ou coisa do tipo. Isso virou um mantra, um enredo que se repete",
disse.
Para ele, não há por que a sociedade suspeitar do STF no que diz
respeito à condução dos processos ligados à Lava Jato. "O Tribunal tem
agido com muita tranquilidade, com muita seriedade, muita imparcialidade, a mim
me parece que não há nada que possa mudar o curso (das investigações)."
Temer. Gilmar afirmou ainda não
acreditar que a saída de Jucá do ministério do Planejamento vá prejudica o
governo Temer, que iniciou há pouco mais de dez dias. "São problemas da
realidade política, com os quais se tem que lidar. Da noite para o dia, às
vezes por uma fala, por uma revelação, se encerra um mandato até exitoso",
disse.
O ministro também defendeu que o caso de Jucá era diferente do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi impedido de assumir a Casa
Civil no governo da presidente Dilma Rousseff. Para Gilmar, que foi o
responsável pela decisão no STF sobre o caso, a nomeação de Lula ficou
caracterizada como obstrução de Justiça porque o ex-presidente teria sido
nomeado para ganhar foro privilegiado e não ser mais investigado pelo juiz
Sérgio Moro, da primeira instância em Curitiba.
Estadão/MSN
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