Carlos Zacarias de Sena Junior – Doutor em História,
professor da UFBA
Publicado em A TARDE edição de 27/05/2016
Não foi coincidência que no mesmo dia em que uma jovem foi estuprada
por 30 homens no Rio de Janeiro, o Ministro da Educação tenha recebido em seu
gabinete o ator Alexandre Frota. Para quem não sabe, o ex-astro da Globo, e que
nos últimos tempos se notabilizou por atuar em filmes pornográficos e por sua
posturas reacionárias e pró- impeachment no ano passado confessou ao vivo, no extinto
programa “Agora é Tarde” da Rede Bandeirantes, ter estuprado uma mãe de santo.
No momento em que contava a insólita história, Frota era interrompido por aplausos e risos de uma plateia que cedia
aos “encantos” do macho-alfa em plena atividade.
Por conta da repercussão do episódio, e também pela modesta
audiência, o programa foi extinto. Alexandre Frota, foi denunciado ao
Ministério Público ,mas continua a passar por um cidadão de bem, além de
respeitado macho-alfa. Nesta altura ,sente-se até mesmo autorizado a levar
propostas sobre a educação para o ministro Mendonça Filho, onde inclui a pauta
do movimento “Escola sem Partido”, uma aberração ideológica criada com o
objetivo de extinguir de vez o pensamento critico das escolas.
É lamentável que as duas semanas do governo usurpador de
Temer não tenham produzido nada mais do que espetáculos deploráveis e repetição
de escândalos. Obviamente que somente os mais inocentes podiam acreditar que
seria diferente, mas nem mesmo os vacinados imaginavam tanta rapidez.
No pais onde uma mulher é estuprada a cada três horas e que
tem uma média de 50 mil estrupos por ano, causa espanto que casos como os acima
retratados não tivessem uma reversão drásticas do curso atual dessa cultura
nefasta, ainda mais porque até há duas semanas atrás o Brasil era governado por
uma mulher. Para piorar a situação circulam no Congresso projetos que tornam
ainda mais difíceis os abortos legais, inclusive aqueles motivados por
estupros, Por tudo o que foi dito, só nos resta gritar estupradores e machistas
não passarão.
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