Entenda
processos e acusações contra homem forte de Temer: Romero Jucá
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23/05/201617h52
- Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Romero Jucá, ministro do Planejamento e homem forte
do governo interino de Michel Temer, anunciou seu licenciamento do cargo após a
divulgação de gravações em que fala sobre um possível "pacto
nacional" para barrar as investigações da Operação Lava Jato.
"Caberá ao presidente me reconvidar ou não.
(...) Meu gesto é que somos transparentes e nada temos a esconder", disse
Jucá a jornalistas.
Revelados pela Folha de S. Paulo, os áudios contêm diálogos entre Jucá - um dos principais aliados de Temer no processo que o levou ao poder interino - e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Revelados pela Folha de S. Paulo, os áudios contêm diálogos entre Jucá - um dos principais aliados de Temer no processo que o levou ao poder interino - e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
"Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o
governo para estancar essa sangria", diz Jucá em um trecho da gravação de
março passado, segundo a Folha. Ele fala também em um pacto nacional "com
o Supremo, com tudo. (...) Delimitava onde está, pronto", em suposta
referência às investigações.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira após a divulgação do áudio (mas antes de se licenciar), Jucá disse que se referia "à sangria da economia", e não à operação anticorrupção na Petrobras, e que "sempre apoiou e defendeu" a Lava Jato.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira após a divulgação do áudio (mas antes de se licenciar), Jucá disse que se referia "à sangria da economia", e não à operação anticorrupção na Petrobras, e que "sempre apoiou e defendeu" a Lava Jato.
"Quero repelir a interpretação feita pela
Folha de S. Paulo. (...) Eu falava em estancar a paralisia do Brasil, estancar
a sangria do desemprego, separar (os políticos) que têm culpa dos que não têm
culpa", disse Jucá, negando que pretenda renunciar. "Reafirmo meu
compromisso no Ministério do Planejamento e vou exercer (o cargo) enquanto
entender que tenho a confiança do presidente."
Jucá sempre foi um dos nomes certos para o
ministério do presidente interino. Ainda assim, o anúncio dele para a pasta do
Planejamento foi um dos mais criticados, já que o peemedebista é um dos
investigados pela Lava Jato.
Jucá é citado mais de uma vez como uma das pessoas
que supostamente recebeu propina no esquema de corrupção da Petrobras. Ricardo
Pessoa, empreiteiro da UTC Engenharia, afirmou em delação que o peemedebista
teria pedido R$ 1,5 milhão à empresa em doação para a campanha eleitoral de
2014, em que seu filho era candidato a vice-governador de Roraima.
A doação teria vindo em forma de propina pela
contratação da UTC para a construção da usina nuclear Angra 3.
Há um inquérito em curso para investigar a
participação do senador no escândalo - algo que ele nega veementemente.
"Não tenho nenhum temor em ser investigado", reafirmou Jucá na
coletiva desta segunda. "Se tivesse telhado de vidro não teria assumido a
presidência do PMDB. (...) Considero a Lava Jato uma mudança positiva na
política brasileira, tanto que no Senado votei pela recondução (do
procurador-geral da República) Rodrigo Janot e acho que o Ministério Público
Federal deve ter autonomia para investigar."
Jucá anuncia sua saída do ministério
Mas
Acusações passadas
Antes de seu partido romper com o PT em março deste
ano, Romero Jucá foi um dos grandes aliados do governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e também de Dilma Rousseff.
Em 2005, inclusive, chegou a ser nomeado ministro
da Previdência Social de Lula, mas não ficou muito tempo no cargo. Após quatro
meses, o senador deixou a pasta devido ao desgaste causado pelas acusações de
que teria oferecido ao Basa (Banco da Amazônia) fazendas inexistentes como
garantia de empréstimo feito pelo banco à empresa Frangonorte em 1996 - da qual
Jucá foi sócio entre 1994 e o final de 1996.
O ministro disse à época que as denúncias eram "levianas"
e atribuiu as informações às disputas políticas no Estado de Roraima.
Em 2008, a Procuradora-Geral da União arquivou o
caso, apesar de ter identificado irregularidades, porque ele já havia
prescrito.
Com a crise política se acirrando no início desse ano, Jucá foi apontado como um dos principais articuladores dentro do PMDB favoráveis ao rompimento do partido com a presidente pelo impeachment.
Com a crise política se acirrando no início desse ano, Jucá foi apontado como um dos principais articuladores dentro do PMDB favoráveis ao rompimento do partido com a presidente pelo impeachment.
Em 29 de março, como vice-presidente do partido,
ele anunciou a saída da base dizendo: "Estamos vivendo um momento
histórico".
No mesmo dia, em entrevista à BBC Brasil, Jucá
disse que o partido tinha de "representar a vontade do povo
brasileiro".
"As condições de governabilidade se exauriram.
O Brasil é maior que qualquer entendimento político e qualquer partido tem que
representar a vontade do povo brasileiro."
Quase dois meses depois do rompimento, o
impeachment foi aprovado no Senado, Dilma Rousseff foi afastada, e Jucá se
tornou uma das pessoas mais próximas ao novo presidente.
Em vídeo divulgado no perfil da presidente afastada
Dilma Rousseff no Facebook, Ricardo Berzoini, ex-ministro-chefe da secretaria
de governo, afirmou que conversa entre Jucá e Machado "mostra um
pretendente a ministro do golpe conversando com uma pessoa que estava sendo
investigada e eles tentando tramar para encontrar no impeachment a forma de
refrear as investigações e a apuração dos crimes praticados".
Berzoini disse ainda que é preciso pedir exigir
"demissão de Romero Jucá e investigar a relação de Michel Temer com esse
diálogo".
Giro UOL (leia
matéria completa)
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