sexta-feira, 22 de maio de 2015

A Bahia precisa urgentemente de uma agenda positiva,um conjunto de grandes propostas e projetos

Fonte:Bahiaeconomica


Bahia precisa urgentemente de uma agenda positiva, um conjunto de propostas e projetos que injete sangue novo nos investidores e abra perspectivas e oportunidades de negócios.  Uma rápida avaliação do estágio atual dos investimentos permite verificar que existem bons projetos em andamento no Estado, mas também existem aqueles que ninguém acredita mais.

No primeiro caso, estão os investimentos industriais, a implantação do Polo Acrílico, a cadeia do agronegócio, a energia eólica, a mineração  e outros. No segundo caso estão a ponte Salvador-Itaparica, a JAC Motors e o Porto Sul, três projetos que dificilmente sairão do papel pelos motivos expostos abaixo. O que a Bahia precisa é esquecer esses projetos e montar uma agenda positiva de investimentos. Essa agenda tem uma data importante: o próximo dia 19 de junho, quando será inaugurado o  Complexo Acrílico da Basf.

O investimento, composto de três unidades industriais, é importante porque cria uma nova rota petroquímica, com fortes relações interindustriais com outras empresas do distrito industrial e que poderá abrir espaço para a vinda de empresas produtoras de bens finais. A Basf vai produzir  matérias-primas  que só eram produzidas  fora  do Brasil e serão usadas na produção de tintas, resinas, adesivos, fraldas descartáveis, absorventes íntimos e outros.

Ou seja,  ao oferecer esses insumos, a Bahia torna-se mais competitiva e abre-se a perspectiva de que empresas que tem esses produtos como matéria-prima venham se instalar aqui, a exemplo do que já fez a Kimberly-Clark, que produz fraldas descartáveis e produtos de higiene pessoal. Por outro lado, a Basf está perfeitamente articulada com a Braskem, a central produtora de insumos do Polo, e que produzirá o propeno que antes era destinado à exportação e que agora será consumido pela Basf no mercado interno.

E a Braskem tem vários projetos de investimentos na Bahia, a exemplo da associação com a empresa alemã Styrolution, que pretende produzir resinas ABS, num investimento total de  200 milhões, e da ampliação do seu terminal no Porto de Aratu, investimento superior a R$ 150 milhões.  O apoio e o incentivo para projetos como esses é um exemplo de agenda positiva que a Bahia deveria encampar e os executivos do governo do Estado deveriam cair em campo para atrair empresas produtoras de bens finais nessas rotas petroquímicas, bem como resolver os gargalos que põem em risco esses investimentos, a exemplo do contrato de fornecimento de nafta para a Braskem, que precisa de uma solução definitiva, e os contratos de energia da Chesf, de cuja renovação dependem várias empresas do setor industrial baiano.

Essa é a agenda positiva na indústria, mas o governo do Estado tem outros projetos concretos e em andamento, como o parque de energia eólica que se espalha pela Bahia, ou as oportunidades de  investimentos no agronegócio e na mineração que estão a demandar uma ação mais proativa.                                   

                                   A PONTE, A JAC E O PORTO SUL

É hora de avaliar o verdadeiro potencial de consecução de grandes projetos, como a ponte Salvador-Itaparica, a JAC Motors e o Porto Sul que, a cada dia, se transformam em sonhos de uma noite de verão. Em relação a ponte Salvador-Itaparica, por exemplo, é irracional pensar que o governo federal, que está cortando R$80 bilhões do orçamento, atingindo programas essenciais como o PAC e  Minhas Casa, Minha Vida, vá aplicar qualquer recurso nesse projeto.

Por outro lado, a possibilidade de financiamento privado externo é mínima, afinal quem conhece os chineses e outros investidores externos, sabe que não há a menor possibilidade deles colocarem recursos num projeto que não tem viabilidade econômico-financeira definida. Já fábrica da JAC Motors dificilmente sairá do papel, não só  porque a demanda no mercado de automóveis no Brasil está em queda livre e as empresas estão com os pátios abarrotados de carros e dando férias coletivas, o que desestimula qualquer investimento, mas principalmente porque quem lidera esse projeto, o empresário Sérgio Habib, não tem capital e quer construir a fábrica com recursos do Estado.

Habib quer que a Desenbahia conceda um empréstimo de R$ 120 milhões para que assim ele possa alavancar o negócio e atrair os chineses, mas ele não dá garantias suficientes para bancar esse empréstimo e os chineses não querem dar seu patrimônio como garantia. Em relação ao Porto Sul, a questão é mais complexa, mas até o chefe Casa Civil, Bruno Dauster, previu esta semana na Assembleia que a Ferrovia Oeste-Leste ficará pronta em 2017 enquanto o Porto Sul tem previsão de conclusão para 2019, isso se as obras começarem este ano e se for possível reduzir seu custo pela metade, condições quase impossíveis na atual conjuntura.

E o pior é que se a previsão do secretário estiver certa, a ferrovia ficará dois anos enferrujando, sem ter porto para escoar os produtos. Fica então uma pergunta: não será melhor trabalhar imediatamente na hipótese de utilização de outro porto? E uma conclusão: só com ajuda de Deus ou da sorte a ponte Salvador-Itaparica, a Jac Motors e o Porto Sul sairão do papel.

                                      PARA QUE JUROS ALTOS?

Outro dia, em uma reunião com empresários, indagaram-me sobre a elevação dos  juros e o consenso era de que as taxas estavam muito altas e não tinham efeito sobre a inflação que estava apenas recompondo os preços administrados. Conversa fiada. Os juros estão altos porque o empresário brasileiro ainda traz no corpo o vírus da inflação e, quando vem o inevitável aumento da luz, da gasolina e dos impostos, sua reação é aumentar os preços, e não cortar os custos para assim manter a competitividade, como manda os compêndios de micro economia.

Por isso, numa economia ainda muito indexada como a brasileira, só há um jeito de forçar a queda da inflação: aumentando juros. Com eles caem a demanda e o empresário para desovar os estoques tem de, mais cedo ou mais tarde, baixar os preços.

                               ESTACIONAMENTOS NOS SHOPPINGS

Alguns shoppings de Salvador estão se preparando implantar a cobrança  pelo uso do estacionamento. A Prefeitura tenta adiar a medida, mas a Justiça já deu autorização para a cobrança. Não é mais um problema jurídico ou administrativo, é econômico. Senão vejamos: quando um shopping passar a cobrar pelo estacionamento será como se aumentasse os preços de todos os seus produtos e serviços. Uma refeição que custava R$ 30,00 vai custar isso mais o valor do estacionamento.

Quando os preços aumentam a procura cai, logo os lojistas vão amargar uma queda nas vendas. A tendência é a perda de clientes para o comércio de rua, ou para o shopping que não aderir à cobrança. E vai haver queda no fluxo de visitantes e nas compras eventuais e por impulso. Uma saída seria a isenção da tarifa de estacionamento para o cliente que apresentar nota fiscal de compra. Haverá impcto nos preços, mas nesse caso o melhor é deixar a competição agir.

Nenhum comentário: