Fonte:SICM
De olho no aquecimento da demanda, grandes fabricantes multinacionais do setor estão ampliando investimentos no Brasil
Motivadas
pelo aquecimento da demanda por equipamentos eólicos no Brasil e,
principalmente pelas exigências mais rigorosas de índice de conteúdo
local dos parques, pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), grandes fabricantes multinacionais do setor estão
ampliando investimentos no Brasil.
De acordo
com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a
necessidade de investimentos na cadeia produtiva da indústria eólica
nos próximos anos é de R$ 1 bilhão.
Esse
volume de recursos é necessário para expandir a capacidade de
fornecimento de equipamentos para atender a uma demanda da ordem de 2
mil megawatts (MW) de parques eólicos por ano. Além disso, comenta-se no
setor que há uma quantidade de 1,4 mil MW de projetos que já
negociaram contratos nos leilões de energia mas ainda não contrataram
fornecedores das peças.
Nem os sinais de desaceleração do crescimento econômico do país desanimam as empresas. Na avaliação dos executivos ouvidos pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor,
há uma demanda reprimida por energia no Brasil que implicará em novos
investimentos, independentemente do ritmo de avanço do PIB nos próximos
anos.
De olho
nesse cenário promissor, a dinamarquesa Vestas, maior fabricante de
equipamentos de energia eólica do mundo, prevê alcançar um faturamento
de R$ 2 bilhões no Brasil nos próximos três anos. A meta faz parte do
plano estratégico da empresa para o país que prevê investimentos de
cerca de R$ 100 milhões até 2016.
"Tivemos
dois anos difíceis, de 2011 e 2012, que coincidiram com a chegada do
Finame [as novas regras estipuladas pelo BNDES]. Decidimos dar uma
parada no Brasil, resolver os problemas e depois repensar a estratégia. A
reestruturação foi bem sucedida. A empresa está agora com dinheiro e
uma nova estratégia que é investir no Brasil", contou nesta quarta-feira
(27.08) o presidente da Vestas no país, Ruben Lazo. Em 2013, o
faturamento global da Vestas foi de € 6 bilhões (o equivalente a quase
R$ 18 bilhões).
Os R$ 100
milhões destinados ao Brasil serão investidos na construção de uma
fábrica de naceles - espécie de caixa onde fica o gerador de energia e
um dos principais componentes do parque - e outra para a produção de pás
eólicas, ambas no Ceará.
A
expectativa, segundo Lazo, é que a unidade de fabricação de naceles
esteja concluída no segundo semestre de 2015, com início de operação
comercial no começo de 2016. Com as novas unidades, a Vestas terá uma
capacidade de fornecimento de 400 MW em equipamentos por ano no Brasil,
com possibilidade de dobrar esse número.
Outra
fabricante do setor, a Acciona Windpower, braço do grupo espanhol
Acciona na área de energia eólica, vai inaugurar no último trimestre uma
fábrica de naceles na Bahia. Com investimentos da ordem de R$ 20
milhões, a unidade terá capacidade para produzir entre 300 MW e 450 MW
de equipamentos por ano. Dependendo da demanda, esse número pode ser
ampliado, a partir da inclusão de mais um turno de trabalho.
Com R$ 3,2
bilhões em encomendas, o Brasil responde por cerca de 40% da carteira
de contratações da Acciona Windpower globalmente. "O Brasil é o
principal mercado por sua razão econômica, porque está em crescimento e
por ser o local onde somos capazes de desenvolver tecnologia e ser
exitosos", afirmou José Luis Blanco, presidente global da Acciona
Windpower, que veio ao Brasil para participar do Brazil Windpower,
evento sobre energia eólica, no Rio de Janeiro.
Outra
gigante do setor, a Alstom vai investir € 30 milhões (cerca de R$ 90
milhões), em parceria com a Andrade Gutierrez, na construção de uma
fábrica de torres de aço para aerogeradores, em Jacobina (BA). A
construtora brasileira terá 51% do negócio, enquanto o restante será da
multinacional francesa.
"Não
estamos aqui de forma oportunista, para gerar lucro e partir. Temos uma
visão de longo prazo, queremos desenvolver um negócio sustentável",
disse o vice-presidente da Alstom Wind, Yves Rannou. Ele acrescentou que
a companhia tem uma visão dinâmica de relação com os subfornecedores,
para garantir a qualidade e o atendimento do serviço. O executivo fez
uma analogia entre a cadeia da indústria eólica e a do setor automotivo,
em que o subfornecedor é essencial para a qualidade do produto.
Segundo a
presidente executiva da Abeeólica, Elbia Melo, existem hoje gargalos na
cadeia de suprimento de componentes eólicos, para os quais estão sendo
estudadas formas para desenvolver novos investidores. "Os grandes
fabricantes estão hoje numa situação de super produção para atender essa
demanda, estão vendo sinal de investimentos de médio e longo prazo e
buscando atrair os fornecedores de componentes", disse ela.
Fonte: Valor Econômico
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