quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

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 Arquiteto português prevê criação de oceanário e anfiteatro flutuante na região do Comércio
A revitalização do Centro Antigo de Salvador (CAS) deve ter como ponto de partida a seleção de uma zona por onde começariam as intervenções. Essa é receita sugerida pelo arquiteto português Miguel Correia, autor do projeto de recuperação dos 22 km da região ribeirinha de Lisboa (Portugal), há 15 anos. Nesta terça-feira (31) em reunião com o secretário do Planejamento da Bahia, Zezéu Ribeiro, Correia apresentou sua proposta para reestruturar o CAS, que inclui a criação de um oceanário e de um anfiteatro flutuante. A área selecionada pelo arquiteto para servir como piloto seria o Comércio, envolvendo o Taboão e seguindo até a Avenida Contorno.

O projeto apresentado, explica Correia, foi elaborado ao longo de dois meses, após um contato preliminar com o secretário, e teve como base para estudo o minucioso diagnóstico elaborado pelo Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador. O trecho selecionado tem uma extensão de aproximadamente 51 hectares e engloba edificações históricas e turísticas como o Mercado Modelo e o Elevador Lacerda.


Correia explica que o segredo para o sucesso da revitalização é que as intervenções sejam rápidas, para que a população possa ver logo os reflexos positivos e, assim, deem crédito à iniciativa. Ele calcula em dois anos o tempo necessário para a implementação do projeto.


O arquiteto indica que a zona apontada tem quatro vocações de uso: portuário, serviços, comércio e habitação. “É preciso estimular a moradia, com a classe média, para dar vida ao lugar. Se tiver acessibilidade, segurança, serviços, as pessoas vão querer morar”, avalia Correia. “É uma área com pluralidade de usos. E as universidades, com cursos de curta duração, podem servir como âncoras para atrair estudantes, que seriam moradores e usariam os serviços da região”, complementou o secretário Zezéu Ribeiro, salientando que a revitalização do Centro Antigo de Salvador está entre as prioridades do governo Jaques Wagner.


ÍCONES – A necessidade de investimento na acessibilidade também foi destacada pelo arquiteto português, que defende uma melhor utilização do Elevador Lacerda e dos Planos Inclinados. Ele, entretanto, considera crucial a criação de novos atrativos para a região. As duas sugestões são um oceanário e um anfiteatro flutuante ao redor do Forte São Marcelo. O oceanário, de design arrojado, em formato helicoidal, seria construído nas proximidades da marina e o acesso poderia ser por meio de barcos ou a pé, por um passadiço erguido sobre a Baía de Todos-os-Santos.


“É preciso fazer o máximo para o local, hoje abandonado, virar uma cidade, com vida 24 horas, com segurança, graça, brilho. E para isso precisamos de novos ícones que sirvam como atrativos”, defende, justificando a proposta, que abrange ainda um Museu dos Esportes. Correia aponta que o oceanário de Lisboa atrai por ano 1,2 milhão de visitantes.


O projeto, chamado de Estratégia de Revitalização Urbana da Zona Sul do Bairro do Comércio, inclui ainda a abertura de muitos espaços de interação, como praças, e maior integração com a vista para o mar, com a criação de mirantes, um deles, por exemplo, no Taboão.


Miguel Correia explica que desenvolveu o projeto de forma autônoma, porque visitou Salvador e se apaixonou pela cidade. O custeio do projeto viria de um Fundo de Participação, gerido pelo Estado, porém com recursos as iniciativas privada e pública.


O secretário Zezéu Ribeiro lembrou a profusão de projetos voltados para a revitalização do Centro Antigo de Salvador e sinalizou para a necessidade de consolidá-los em um único projeto, o qual incorporaria o que há de melhor em cada um.

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