terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O que você semear, certamente vai colher

Madeira reflorestada ganha espaço no mercado baiano

Com foco na preservação ambiental e o objetivo de evitar a derrubada de madeira da mata nativa da Mata Atlântica, o eucalipto tem se revelado uma boa opção na produção baiana.
De crescimento rápido e lucro garantido, a madeira vem ganhando a preferência de produtores e consumidores, que têm optado por mobiliário ecologicamente correto.
Hoje, para atender essa demanda, muitas empresas oferecem uma gama de produtos à base de madeira reflorestada. São telhados, varandas, casas, chuveiros, mesas, pisos, entre outros produtos construídos à base dos diversos tipos de eucalipto. Além disso, a madeira é utilizada para uso rural.
O engenheiro paulista José Vinícius de Mello, que mora em Salvador há 11 anos, falou da sua preocupação ambiental através da construção da sua casa e a postura no trabalho. Ele disse que a casa e todos os projetos desenvolvidos por ele são construídos com a madeira de eucalipto.
Segundo Mello, a Dow Química, empresa que ele trabalha, já apresenta a preocupação ambiental.
Está sendo construída uma defensa marítima (proteção de madeira para evitar o choque entre a embarcação e o atracadouro) na Base Naval de Aratu, e assim como essa obra na área portuária, antes feita com madeira de lei, hoje ela é substituída pela reflorestada com mais de 18 anos de plantio.
O engenheiro chamou atenção para a necessidade do trabalho de conscientização dos agricultores sobre a potencialidade do mercado da madeira do eucalipto. “Ainda é pouco explorada em Salvador e a indústria mobiliária é um grande consumidor”, afirmou.
Para ele, muitas construções da orla de Salvador já usam madeira reflorestada. “Os agricultores precisam saber que se plantar vão ter um retorno produtivo.
Muita madeira que usamos vem de fora. É um nicho de mercado que precisa ser explorado”, destacou.
Economicamente viável
Empresa familiar idealizada pelo engenheiro florestal Humberto Ribon, 63 anos, a Ribon, localizada na Estrada do Coco, em Vila de Abrantes, é um exemplo de empresa ecologicamente consciente. Há 20 anos, trabalha com a madeira reflorestada. Vinda da Fazenda Santa Tereza, de 500 hectares, no município de Araçás, ela é tratada, ganha forma e é vendida há sete anos para Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte.

“Planto pelo lucro, além da preservação do meio ambiente”, declarou Humberto, que informou ter começado a plantar na busca de garantir na velhice uma renda extra para somar com a aposentadoria.
Filho de agricultor e de uma região onde o governo incentiva a plantação, o capixaba da cidade de Colatina disse que aconselha todo mundo a plantar. “Não se pode falar apenas em conservação da natureza com alguém que tem fome. Tem que colocar na cabeça do produtor que ele vai ter lucro. A partir de então, ele vai ter consciência e vai ter a propriedade sustentável”, avaliou.
Preservação com geração de renda
O governo da Bahia, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), no âmbito do reflorestamento com o programa Agricultor Florestal, presta assistência a 600 agricultores de 21 municípios para garantir uma renda permanente e evitar o desmatamento de florestas.
De acordo com o superintendente de Políticas Florestais, Conservação e Biodiversidade da Sema, Marcos Ferreira, o plantio de árvores para fins comerciais visa suprir uma demanda crescente dos diversos mercados consumidores de produtos florestais, a exemplo dos setores de construção e mobiliário, lenha de carvão, uso rural, entre outras necessidades.

“O programa é de extrema importância, pois oferece a oportunidade tanto de ganho financeiro como também evita o desmatamento das áreas de florestas nativas”, ressaltou Ferreira.

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