Querari, uma ilha incrustada na floresta Brasília, 18/6/09 -
A unidade militar mais remota visitada pela comitiva do ministro da Defesa, Nelson Jobim, na viagem à Amazônia no período de 11 a 13 de junho, foi o 2º Pelotão Especial de Fronteira (PEF), na divisa com a Colômbia. Desde 1988 o Pelotão controla a circulação proveniente dos Rios Querari e Uaupés, em direção ao interior do Brasil. A região da visita, que tem como referência principal o município de São Gabriel da Cachoeira (AM), é conhecida como a “Cabeça do Cachorro”, pelo formato do mapa eu a delineia. É uma das áreas com maior densidade de fronteira, apresentando limites com Venezuela, Colômbia, Perú e Bolívia. Do outro lado do Rio Querari, avista-se o território colombiano. O pelotão é um exemplo do desafio operacional enfrentado pelo Brasil para o controle das Fronteiras, e da necessidade de se ampliar os meios logísticos, principalmente aviões e helicópteros. Essa expansão de equipamentos e do número de pelotões (projeto Amazônia Protegida) é prevista na Estratégia Nacional, que tem a Amazônia como prioridade. O pelotão de Querari é subordinado à Brigada de São Gabriel, que fica a 330 km por avião (1h15 de viagem) ou 500 km por barco (2 dias de viagem). São Gabriel, por sua vez, é um município que fica a 847 km de Manaus por avião (2 horas) ou 1.146 km de barco (4 a 5 dias de viagem). Diante das distâncias imensas e das dificuldades impostas pelo “Marechal Clima”, ou pelo “Marechal Tempo”, com se diz na região, os militares plantam hortas e criam alguns animais que podem garantir a alimentação quando houver falta de suprimento devido a dificuldades de navegação, na seca, ou a dificuldades de pouso, por razões climáticas. A atividade faz parte do chamado Tripé da Soberania, que dita a rotina militar na região: Vida, Combate, Trabalho. O município de São Grabriel tem cerca de 40 mil habitantes, 95% dos quais indígenas, distribuídos por 22 etnias, congregados em 610 comunidades. Em Querari, além do contingente do Pelotão, formado por aproximadamente 60 homens e familiares, há uma comunidade da etnia Cubeo, com cerca de 125 habitantes. O suporte de telecomunicações (telefone público e internet do programa Gesac, ambos via satélite) e a energia elétrica (gerada por uma micro usina hidrelétrica) são fornecidos a partir do pelotão. Um incidente ocorrido no dia 12 reforçou a visão da comitiva sobre as dificuldades de se atuar na Amazônia. Durante o deslocamento de Querari para o posto de Maturacá (5º PEF), que seria o segundo a ser visitado de acordo com o planejamento, a comitiva foi informada do cancelamento da visita, pois a pista de destino acabara de ser fechada para pouso, devido à falta de visibilidade. Além da frustração de não poder conhecer a unidade chefiada por um raro comandante militar índio, o 2º Tenente Maiko de Oliveira, a comitiva ficou sem o almoço que os esperava naquela localidade. De volta a São Gabriel, os militares improvisaram um almoço emergencial: estrogonofe de filé servido dentro de um pão redondo, sem miolo, à moda das cantinas italianas. “A mudança de tempo significa mudança de programação. A conduta aqui é permanente, a solução tem que ser imediata. São pequenos exemplos do dia-a-dia na Amazônia”, comentou o General Enzo.
Texto: José Ramos
Assessoria de comunicação Social
Ministério da Defesa
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