quinta-feira, 18 de junho de 2009

Agricultores ocupam as ruas de Ilhéus em protesto contra o relatório da Funai

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Milhares de produtores rurais das regiões de Ilhéus, Una e Buerarema ocuparam as ruas de Ilhéus na manhã desta quinta-feira(18) para protestar contra o relatório da Funai que prevê a demarcação de uma área de 47.370 hectares englobando esses municípios, retirando as terras dos pequenos e médios agricultores para repassar aos supostos descendentes dos índios Tupinambá. Essa área, segundo os agricultores, representa 26% de todo o território de Ilhéus e ainda grande parte da zona rural de Una e Buerarema.

A demarcação vai atingir diretamente cerca de 20 mil moradores do local, além de 2.800 agricultores que vivem basicamente da produção rural. Sem saber para onde vão caso a demarcação seja concretizada, o agricultores estão realizando vários atos de protestos como forma de chamar a atenção das autoridades regionais para o grave problema e os enormes prejuízos que a demarcação de terras proposta pela Funai vai trazer para a região, gerando desemprego, violência e a maior crise econômica no Sul da Bahia.

Os agricultores saíram em passeata pelas ruas do centro de Ilhéus até a praça J.J.Seabra, em frente ao Palácio Paranaguá, onde aconteceu um ato público contando com a participação de segmentos diversos da comunidade regional. Em seu discurso o vereador Alcides Kruschewsky mais uma vez denunciou que o relatório elaborado pela Funai é fraudulento e baseado em fatos mentirosos, já que conforme dados coletados por historiadores e antropólogos, não se há registros de que os índios Tupinambá ocuparam essa região no Sul da Bahia.

Um dos pontos marcantes durante o protesto foi o depoimento do trabalhador rural Sebastião Pereira que estava na fazenda que foi ocupada pelos supostos índios na região de Una. De acordo com ele, os infratores chegaram na fazenda armados com revólveres e renderam todos os moradores. Não satisfeitos, o grupo ainda queimou casas, saqueou a fazenda, levou móveis e eletrodomésticos e ainda matou bois para comemorar a invasão com cachaça. “A gente fica muito triste quando vê que trabalhou honestamente a vida toda e agora chega um pessoal e nos humilha assim, pegando o que a gente construiu com tanto suor. Alguém precisa fazer alguma coisa. Pelo amor de Deus”, conclamou o trabalhador.

A deputada estadual Ângela Sousa também garantiu que já está sendo agendada uma audiência com o governador Jaques Wagner para tratar do assunto da demarcação no sentido de encontrar maneiras de barrar esse processo que tantos prejuízos vai trazer para a região. O prefeito de Ilhéus, Newton Lima, também se posicionou contra o relatório da Funai e disse que o município não vai permitir que esse ato insano da demarcação seja concretizado. O presidente da Comissão de Pequenos Agricultores, Luiz Henrique Uaquim, adiantou que todos os encaminhamentos legais já estão sendo adotados para contestar esse relatório da Funai considerado por eles como fraudulento e irresponsável. Mas, diante dos prejuízos que essa demarcação vai trazer, gerando desemprego, violência e um grande problema social e econômico para a região, ele espera contar com o apoio de todos os segmentos comprometidos com o desenvolvimento do Sul da Bahia.

Participaram também do ato de protesto vereadores de Ilhéus, Una e Buerarema, representantes da Associação Comercial de Ilhéus, CDL, Rotary, Lions, empresários, imprensa e segmentos diversos da comunidade regional que não aceitam a proposta de demarcação proposta pela Funai. Ao final do movimento os agricultores distribuíram várias toneladas de coco, farinha, limão, mamão, maracujá, além de mudas e diversos outros produtos agrícolas produzidos nessa região que será afetada com a demarcação.

Ed Camargo – DRT-BA 331 Foto – Cristiano Cruz

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