terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ECONOMIA


Países têm margem para estímulo

Os países emergentes, com a exceção da Índia, ainda têm bastante munição para estimular as suas economias no caso de uma desaceleração mais prolongada. Mas seu crescimento, daqui por diante, será bastante dependente da duração e da intensidade da crise na Europa.

"A China é o país que tem mais espaço para adotar medidas de estímulo à sua economia", afirma o estrategista-chefe para mercado emergentes do banco Societe Generale, Benoit Anne. "O Brasil também tem bastante margem de manobra para cortar juros."

Essa é uma diferença crucial, afirma ele, em relação à situação de economias avançadas, como Europa, Estados Unidos e Japão, que já estão com taxas de juros próximas de zero e já não têm mais espaço para adotar medidas fiscais de estímulo às suas economias.

O forte poder de reação dos emergentes, porém, não significa que essas economias estão imunes ao que acontece na Europa. Seu crescimento será prejudicado enquanto se prolongarem as incertezas no Velho Continente, diz Anne.

O Brasil e a China promoveram um ciclo de aperto monetário no último ano para combater o superaquecimento de suas economias, a aceleração inflacionária e a criação de desequilíbrios em seus mercados financeiros. No caso do Brasil, houve alta de juros e o uso de instrumentos macroprudenciais, como limites à expansão da carteira de crédito dos bancos. Na China, foram impostos limites quantitativos á expansão de crédito.

A desaceleração nas economias emergentes é apenas cíclica, o que significa que elas tem grande potencial para voltar a crescer assim que o pior da crise passar, atraindo investimentos estrangeiros. "O desempenho dos países emergentes continuará a ser superior ao das economias avançadas", afirma Anne. "Esse fato não muda nos próximos anos."

Entre os Bric, a India é a que tem menos espaço para medidas de estímulo. O dado negativo divulgado ontem foi acompanhado da desvalorização do câmbio, reforçando uma tendência de fuga de capitais de longo prazo que vinha ocorrendo já há algum tempo. "Há um movimento de aversão de risco na Índia", afirma Anne. As pressões inflacionárias que atingem a India, reforçadas pela desvalorização cambial, diminuem o espaço para o corte de juros
Valor Economico

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