Engevix leva aeroporto e já olha novos terminais
Até há pouco tempo figurando como coadjuvante entre grandes construtoras, a Engevix Engenharia conquistou ontem os holofotes do setor de infraestrutura no leilão de concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (no Rio Grande do Norte) ao demonstrar forte apetite pelo negócio.
A primeira proposta entregue pelo grupo já surgiu com ágio de 156% em relação ao valor mínimo estipulado pelo governo, enquanto que o segundo colocado na etapa inicial ofereceu ágio de apenas 45%.
Depois de 88 lances na última etapa, o consórcio composto pela Engevix tornou-se o primeiro concessionário de aeroportos no Brasil. Após a disputa, a empresa não se deu por satisfeita: declarou que planeja concorrer a outros projetos aeroportuários este ano.
O presidente da Infravix (braço do grupo para obras em infraestrutura), José Antunes Sobrinho, confirmou o interesse da empresa nos outros projetos de concessão anunciados. "Temos interesse e vamos entrar [em outras disputas]", declarou ao Valor.
O governo já confirmou as concessões de outros três terminais que devem ocorrer até dezembro: Cumbica, em Guarulhos (SP); Viracopos, em Campinas (SP); e JK, em Brasília (DF).
A companhia venceu o leilão do aeroporto nordestino em parceria com a argentina Corporación América.
No consórcio, batizado Inframérica, cada uma tem participação de 50%. O valor de outorga oferecido foi de R$ 170 milhões, um ágio de 228% em relação ao lance mínimo estipulado pelo governo, de R$ 51,7 milhões.
Empresas têm interesse em terminar obras até a Copa do Mundo de 2014 e aproveitar demanda a ser gerada pelo evento
Sobrinho não quis revelar detalhes sobre os cálculos da empresa, mas afirmou que o retorno será superior aos 6% anuais comentados por companhias internacionais que anunciaram desistência, alegando baixa rentabilidade no projeto - como a mexicana GAP e a alemã Fraport. "Seguramente será maior que 6%. Nós não entramos no negócio para jogar dinheiro fora", disse.
Se o apetite pelo aeroporto de Natal teve boa sintonia entre a Engevix e sua parceira argentina, a inserção de novos parceiros no projeto parece não ter sido bem discutida entre os dois. Enquanto Sobrinho negava a entrada de novas empresas e afirmava que o plano é a própria Engevix executar todas as obras, a ideia não é descartada por Martín Eurnekian - representante da Corporación América. "Acredito que seja natural chamarmos outras empresas. Pode acontecer", disse. Além de consultoria em engenharia e elaboração de projetos, a Engevix faz projetos de construção integrais (o chamado EPC, de Engineering, Procurement and Construction), participando de processos de engenharia, compras de materiais, construção e montagem de empreendimentos.
A companhia se comprometerá com investimentos de cerca de R$ 600 milhões ao longo dos 28 anos do contrato de concessão.
Além de construir o terminal de passageiros, com salas de embarque e desembarque, erguerá toda a área destinada à exploração comercial, como lojas e cinemas - além da manutenção do terminal.
Segundo Sobrinho, as obras serão concluídas antes da Copa do Mundo de 2014. "Comercialmente, temos todo o interesse que o aeroporto fique pronto até a Copa, para explorarmos o pico da demanda no terminal.
É importante para nós". À União, caberá concluir a construção das pistas de pouso e decolagem, do pátio para as aeronaves e da torre de controle.
Com 46 anos de história, a Engevix intensificou nos ultimos anos sua participação em projetos de infraestrutura - sendo o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante apenas mais uma etapa de sua expansão no setor.
No ano passado, por exemplo, a empresa adquiriu participação no Estaleiro Rio Grande, que pertencia à WTorre. O negócio foi fechado em R$ 410 milhões
Em junho de 2008, a companhia havia assinado uma carta de intenções com a Petrobras para a construção de oito cascos de plataforma em território gaúcho. O projeto, anunciado pelo presidente da estatal e batizado de "fábrica de cascos", tinha previsão inicial de investimentos que chegavam a US$
3,75 bilhões. A empresa também atua em infraestrutura rodoviária, por meio da participação de 22% na ViaBahia, concessionária atuante no Estado nordestino.
Outra atuação forte da empresa é no setor de energia.
Em julho de 2007, firmou um contrato de € 100 milhões (R$ 230 milhões) com a Alstom para construir um complexo de 90 MW na Bahia.
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