País ganhará fábrica de ácido acrílico
A Basf deve anunciar hoje que vai investir em uma fábrica de ácido acrílico no Brasil. O Valor apurou com fontes dos setores petroquímico e químico que essa unidade será erguida no polo de Camaçari, na Bahia.
A petroquímica Braskem será a fornecedora de matéria-prima (à base de propeno) para a multinacional alemã.
Esse projeto, com investimento na casa de R$ 1 bilhão, começou a ser discutido no início dos anos 2000, ainda quando a Petrobras tinha interesse em investir em uma fábrica de ácido acrílico em Betim, Minas Gerais. À época, as empresas Elekeiroz, do grupo Itausa, e a própria Basf chegaram a conversar para investir juntas nesse projeto. A parceria entre as três empresas não foi levada adiante pela estatal, mas as duas companhias voltaram a fazer planejamento para tocar a nova fábrica sozinhas.
A Braskem, principal fornecedora dessa matéria-prima, estava analisando participar do projeto como fornecedora já há alguns meses. Mas a companhia petroquímica não teria condições de fornecer a matéria-prima à base de propeno em quantidade suficiente para que as duas empresas tocassem o projeto separadamente.
O ácido acrílico é uma importante matéria-prima usada para a produção de tintas, fraldas descartáveis e absorventes íntimos, sobretudo. Esse produto é 100% importado. Segundo dados da Elekeiroz, o consumo aparente de ácido acrílico no Brasil ficou no patamar de 120 mil toneladas em 2010 e deve superar as 200 mil toneladas em 2018. Daí a importância de produção no território brasileiro.
No fim do ano passado, o governo da Bahia informou ao Valor que empresas interessadas no projeto assinaram um protocolo de intenções para tocar o projeto no Estado.
A Elekeiroz aguardava uma decisão até julho e a Basf, até setembro.
A Basf já estava negociando o fornecimento do propeno com a Braskem, segundo entrevista da companhia em maio deste ano a este jornal. " Será um salto quântico. Estrategicamente, (representa) um passo na área petroquímica, um portfólio que a Basf ainda não tem", informou a empresa àquela época. A companhia aposta no ácido acrílico para atender ao segmentos de construção civil (tintas) e de produtos de higiene, que estão em franca expansao no país.
A multinacional detém tecnologias de produção dos compostos de acrilatos.
As questões da matéria-prima e da tecnologia por muitos anos foram obstáculos para a implantação desse projeto no Brasil. Agora, com o país no centro das atenções, os detentores das tecnologias internacionais passam a se interessar pelo país.
A Braskem, por sua vez, que hoje exporta seu excedente de propeno, encontrará no mercado interno um cliente importante para o consumo dessa matéria-prima.
Autor(es): Mônica Scaramuzzo e Ivo Ribeiro
O Globo
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