segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Faxina de Dilma afasta paulistas de seu ministério

POLIÍTICA
Por Cristian Klein - Valor Econômico


A sucessiva queda de ministros no governo Dilma Rousseff, além de promover o que vem sendo chamado de faxina ética, reforçou a redução do número de paulistas na Esplanada.

Com a saída de Wagner Rossi (PMDB), da Agricultura, que pediu demissão após denúncias de corrupção, o maior Estado do país conta agora com apenas sete ministros.

Rossi foi substituído pelo gaúcho Mendes Ribeiro Filho (PMDB). No início de junho, a saída de Antonio Palocci (PT) da Casa Civil deu lugar à senadora Gleisi Hoffmann (PT), do Paraná.

O novo ministério de Dilma, com sete paulistas num total de 38 pastas (18,4%), contrasta com o primeiro escalão nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual havia nove em 36 (25%).

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O Estado que mais ganhou presença com Dilma foi a Bahia, que teve seu número triplicado.

Eram dois, na posse de Lula, e hoje são seis. O Rio de Janeiro também foi beneficiado e cresceu de dois para cinco.

Dilma Rousseff tem sua trajetória ligada a Minas Gerais, onde nasceu, e ao Rio Grande do Sul, onde reconstruiu sua vida depois de ser presa no regime militar.

Na posse de Lula, havia quatro mineiros no ministério.
Com Dilma, porém, o Estado conta comapenas um representante.
 É o que mais perdeu. O único oriundo de Minas é o titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), amigo de longa data da presidente.

A escassez de ministros do segundo maior colégio eleitoral do país pode facilitar as pretensões de Pimentel de se eleger governador em 2014.

Já os ministros gaúchos chegam a três agora. O recém-nomeado Mendes Ribeiro também é amigo da presidente, há mais de 20 anos. Os dois se conheceram durante a elaboração da Constituição do Rio Grande do Sul, em 1989.

 Na época, o novo ministro da Agricultura era deputado estadual e a presidente exercia o cargo de assessora do PDT na Assembleia Legislativa.

A descentralização de poder entre os Estados - reduzindo o que se convencionou chamar de"paulistério" - tem como efeito a participação de mais unidades da Federação na Esplanada. Lula, em 2003, chamou para seu governo representantes de 11 Estados, enquanto Dilma, de 13.

O número de ministros sem grande vinculação a um Estado é o mesmo, seis, na posse de Lula e no atual primeiro escalão de Dilma.
Geralmente, são titulares que fizeram carreira em órgãos de carreira mais especializada - como a Advocacia-Geral da União e o Itamaraty - ou têm atuação marcadamente nacional, como o cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

Quanto à correlação de forças entre os partidos, a principal diferença continua sendo uma menor presença do PT (21 ministérios antes contra 18 agora), devido à ausência do PMDB no primeiro ano do governo Lula.

Na dança de cadeiras promovida por Dilma, porém, o PT saiu com uma Pasta a mais, com a troca de Nelson Jobim por Celso Amorim, na Defesa.

Na posse, Lula contava com o PPS, no curto período em que a sigla foi da base, o PV e o PTB, que apoia Dilma mas não tem ministro.

A situação do PR, depois da queda de Alfredo Nascimento, nos Transportes, ficou indefinida, já que seu substituto, Paulo Sérgio Passos, é filiado ao partido mas foi uma escolha da presidente, sem o aval de seus líderes, que estão divididos em ficar ou sair da base aliada.

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