quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

EDUARDO CUNHA ATUOU PARA BENEFICIAR BANCOS LIQUIDADOS




No período em que o banqueiro André Esteves, ex-presidente do BTG Pactual, negociava a compra da massa falida do Banco Nacional, extinto em 1995, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalhou de forma persistente para viabilizar uma operação financeira que favoreceria os bancos liquidados e socorridos pelo governo.

Se as propostas do deputado tivessem sido sancionadas pela presidente Dilma Rousseff, provocariam um rombo perto de R$ 40 bilhões aos cofres públicos, segundo fontes do Banco Central. Na prática, o teor das emendas do deputado faria com que o Nacional - que já foi um dos maiores bancos do País, com 1,2 milhão de clientes, controlado pela família Magalhães Pinto - passasse da situação de devedor confesso à de credor da União. Passados 20 anos do Programa de Estímulos à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), o Nacional ainda deve, em 2015, R$ 17,6 bilhões ao governo.

O BTG Pactual tinha interesse em comprar o Nacional porque via chances de ganhar dinheiro de duas formas. Esteves considerava ser possível, com o aval do Congresso, transformar pouco mais da metade dos R$ 31 bilhões de crédito em "títulos podres" do banco em dinheiro. Assim, conseguiria pagar o que o Nacional devia à União e ficar com o restante. Além disso, o banco liquidado tinha mais de R$ 10 bilhões em créditos fiscais. Esteves tinha "expertise" em bancos liquidados. Antes, tinha comprado o Bamerindus, que também foi socorrido pelo Proer, por R$ 418 milhões. Em troca, levou R$ 2 bilhões em créditos tributários.

O Ministério Público abriu investigação contra Cunha a partir de um documento encontrado na casa do chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (PT), que foi preso na semana passada juntamente com Esteves. No verso desse documento, estava escrito que, em troca de uma emenda à medida provisória 608, o BTG, que estava interessado em utilizar os créditos fiscais da massa do Bamerindus, pagou R$ 45 milhões ao presidente da Câmara. (Estadão)
Publicado p/Bahiaeconômica

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