terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Dilma pede que empresas espanholas invistam no Brasil

A nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, confirmou ontem o interesse do gigante sul-americano pelos investimentos espanhóis. Em seu primeiro dia no cargo, depois da emotiva posse de sábado, Rousseff recebeu o príncipe de Astúrias [da casa real espanhola] e reiterou o convite para que as empresas de seu país estejam fortemente presentes nos dois grandes acontecimentos que o Brasil tem pela frente: a Copa do Mundo de futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

Normalmente, as reuniões do herdeiro espanhol - representante do Estado em todas as transmissões de poder latino-americanas - com os mandatários recém-eleitos não passam de entrevistas puramente protocolares, onde ficam fixados os bons votos para o futuro. No entanto, segundo destacou uma fonte diplomática para "La Vanguardia", o encontro entre o príncipe e Rousseff teve forte ênfase para as relações econômicas e empresariais.

Além disso, a entrevista durou 40 minutos, bem mais que o previsto e longe do habitual nesse tipo de reunião, que não costuma superar os 20 minutos.

A presidente não fez mais que reiterar um pedido que já foi uma constante nos últimos meses do governo de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. As infraestruturas que serão necessárias para os dois eventos desportivos citados fazem que as grandes construtoras espanholas se interessem em participar do negócio.

Segundo fontes diplomáticas, Rousseff comentou com o príncipe as oportunidades que o Brasil apresenta não só para as empresas, mas também para os trabalhadores qualificados, que podem trazer sua experiência nos preparativos da Copa e das Olimpíadas.

Durante a entrevista foram avaliados os investimentos espanhóis já presentes no Brasil, especialmente nos setores financeiro, energético e tecnológico. Rousseff também pediu que se busquem fórmulas para aumentar a presença de empresas brasileiras na Espanha.

Além disso, a presidente e o príncipe deixaram aberta a possibilidade de incrementar a cooperação militar entre os dois países, que poderia ser traduzida em um futuro acordo relativo à indústria da defesa.

Além dos assuntos econômicos, durante o encontro também se tratou do impulso ao ensino da língua espanhola no Brasil, que Lula introduziu como segundo idioma no sistema educacional. Por outro lado, o príncipe convidou Rousseff a visitar oficialmente a Espanha.

A entrevista foi a primeira de Rousseff como presidente com vários dos representantes de países estrangeiros que assistiram a sua posse no dia de Ano Novo. "Foi uma maratona de reuniões", disse depois o novo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antônio Patriota - vice-ministro no governo anterior -, que acompanhou a mandatária em todas as reuniões, assim como Marco Aurélio Garcia, seu influente assessor internacional, cargo que já ocupava com Lula.

Entre outros, Rousseff manteve entrevistas bilaterais com o primeiro-ministro português, José Sócrates, com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, com o presidente uruguaio, José Mujica, e com o vice-presidente cubano, José Ramón Machado.


Publicação: UOL
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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