segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O desafio  da infraestrutura


PauloVilla
Diretor-executivo da Associacão dos Usuários de
Portos da Bahia- Usuport

Estudo recente da Fundação Getúlio  Vargas diz que, se o País tivesse a infraestrutura atualizada, o PIB seria maior 12% a 15%, um incremento de R$ 460  bilhões.
Da mesma forma, a Bahia elevaria o PIB em R$ 20 bilhões, se não tivesse os mesmos gargalos. Por sua vez, o Relatório de competitividade Global 2010-2011, elaborado pelo Fórum Econõmico Mundial (no Brasil, foram parceiros a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil competitivo), considera a infraestrutura como fator chave impulsionador da economia.

Nesse trabalho, que analisou 139 países, o nosso não ficou bem. A qualidade da malha ferroviária mereceu o 87º lugar, a de rodovias o 105º, a dos portos o 123º (!) e a qualidade média da infraestrutura de transporte brasileira chegou ao 67º lugar, não sendo pior pela aviação ter alcançado o 9º lugar, apesar dos inúmeros problemas.

Na Bahia, o porto de Aratu está com capacidade saturada há 14 anos e o de Salvador há sete. As ferrovias existentes não conseguem atender ao setor produtivo. O sistema rodoviário é limitado, embora venha melhorar com recentes concessões, más são exigidas outras duplicações e, so- bretudo, novos caminhos.

Indicadores, que há dois anos eram sinais de alerta, hoje são fatos.
Em 2006, a Bahia tinha 4,9% do comércio exterior brasileiro, mas, em 2010, diminuiu para 4,1%.
 Em relação à região Nordeste, em 2006 a Bahia participava com 55% e em 2010 caiu para 47%.
Difícil não associar esses números à perda de competitividade relativa do Estado.
O excelente momento de crescimento da economia baiana não pode embaçar a visão daqueles que têm responsabilidade com o futuro e que podem decidir.
 Neste sentido, a Associação de Usuários dos portos da Bahia (usuport) tem o dever de alertar a sociedade sobre as questões que possam comprometer a competitividade e sustentabilidade das indústrias química; petroquímica, metalúrgica, mineral, fertilizantes, fibras, produtores de algodão, café, e frutas, segmentos com forte conexão internacional.

As ações da usuport têm fundamentação técnica e são norteadas por valores de ética, cooperação, determinação, independência e transparência. Reivindicar é essencial a uma entidade de classe que dialoga com todos os seus públicos, realiza estudos, projetos, articula e propõe ações vitais para a logística de transportes. Divulgar as necessidades do setor produtivo, usuários dos portos, é um dever.

Os gargalos logísticos mostraram que o Brasil deve atuar forte e rapidamente em planos, estudos e licenças, fazendo estoque de projetos. O País havia perdido referências em planejamento e agora procura recuperar. Na Bahia não foi diferente.

A Ferrovia Oeste-Leste ,é exemplo de planejamento, mas sob o ponto de vista logístico ainda é indispensável que se conecte com o sistema existente.
O Porto Sul não deve perder seu foco no projeto de mineração, como ponto de partida.
O projeto da ponte Salvador-Itaparica, que tem mérito logístico de retirar a absoluta dependência de acesso da sufocada península através da BR-324,deve ser analisado em todos os seus mínimos detalhes.
 Ainda há muito por fazer em todos os modais, com visão espacial integrada, para um Estado do tamanho da França.
 Não se pode perder mais tempo.

Os contínuos resultados positivos alcançados pela economia brasileira levaram à inexorável valorização do real e com esse fato há que se conviver daqui por diante.
Para ter competitividade internacional com a moeda forte é necessário baixar custos logísticos, juros e impostos, diagnóstico unânime de especialistas. Como os dois últimos são difíceis de reduzir na conjuntura atual, somente nos resta investir,aceleradamente, no aumento da oferta de infraestrutura e serviços de transporte.

Para que o PIB da Bahia cresca de forma sustentável, é hora de planejar e investir em infraestrutura, com todos os atores - iniciativa privada, governo e sociedade civil - atuando de forma coesa e articulada.
 Este é o desafio e a Usuport está pronta para contribuir com todas as iniciativas que revertam o déficit de infraestrutura logística.

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