Josias de Souza
15/02/2017 03:31
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O melhor amigo de um indicado para
vaga no Supremo Tribunal Federal é o desconhecido. A esse o candidato à toga
pode amar. Por esse pode ser amado. Deu-se algo diferente com Alexandre de
Moraes. Por mal dos pecados, o tucano que Michel Temer escolheu para substituir
Teori Zavascki ganhou dois amigos conhecidos, muito conhecidos,
conhecidíssimos.
Os multi-investigados Romero Jucá e
Renan Calheiros, ambos enrolados na Lava Jato, pegaram em lanças na Comissão de
Constituição e Justiça para apressar a aprovação do nome de Moraes. Até
senadores governistas criticaram a tentativa da dupla de impor ao processo um
ritmo de toque de caixa. E a sabatina de Moraes foi marcada para a próxima
terça-feira (21).
Renan, que no ano passado tentara
levar a cabeça de Moraes à bandeja, chegou a argumentar que o ex-desafeto já havia sido sabatinado no
Senado em 2015, quando foi guindado a uma poltrona de conselheiro do Conselho
Nacional de Justiça. “Estamos vendo aqui uma cantilena, uma repetição enfadonha
de argumentos”, ralhou o senador, líder do PMDB.
Jucá soou ainda mais inusitado ao
justificar a pressa. Atribuiu a sofreguidão à conveniência de completar
urgentemente a composição do plenário do Supremo, para não prejudicar as
investigações da Lava Jato. Esqueceu por um instante da pregação do Planalto
segundo a qual o novo ministro não vai interferir nos rumos da Lava Jato.
Não há dúvida de que o nome de
Alexandre de Moraes será aprovado pelo Senado. A maioria governista é
acachapante. Assim, a solução para o neo-magistrado talvez seja colocar um
deserto entre ele e e seus novíssimos amigos de infância. Não voltar a vê-los
pode ser uma grande ideia. Não ouvi-los jamais seria uma providência de enorme
serventia.
Fonte:UOL
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