Com 5
ministros, PSDB acorrentou-se a Temer
Josias de Souza
04/02/2017 03:41
Michel Temer elevou de três para cinco a cota de ministérios do PSDB.
Como parte do upgrade, um
representante do ninho foi recepcionado no centro nervoso do Poder. Numa
articulação costurada por Aécio Neves e avalizada por Fernando Henrique
Cardoso, acomodou-se na pasta da coordenação política, com poltrona no quarto
andar do Planalto, o deputado tucano Antonio Imbassahy. Com isso, o tucanato
acorrentou o seu projeto político ao governo do PMDB. Não dá mais para fazer as
malas e sair de fininho na hipótese de um fiasco.
Para o PSDB, Temer dará certo se fizer reformas
impopulares, recolocar a economia na direção do crescimento e vestir o pijama
em 2018, abrindo mão de pleitear a reeleição. Temer disse aos tucanos que não
deseja senão entrar para a história como um presidente que retirou o país do
buraco. Rodrigo Maia também dizia na Câmara que arrumaria a bagunça de Eduardo
Cunha e passaria a chave da presidência para outro colega. Foi convencido por
Temer a guerrear pela reeleição. Por ora, os tucanos fingem acreditar na
desambição de Temer.
Como se sabe, há três presidenciáveis no PSDB. José
Serra é amigo e ministro das Relações Exteriores de Temer. Aécio Neves é fiador
da parceria. Geraldo Alckmin está sobrando na equação. Pior: a Lava Jato
estreitou a margem de manobra do governador paulista. Até bem pouco, Alckmin
poderia sair do PSDB batendo a porta e denunciando a aliança do partido com os
maus costumes do PMDB. Agora, é preciso saber de que tamanho ficará a reputação
do governador paulista depois que vier à luz todo o conteúdo das delações da
Odebrecht.
A sorte de Alckmin é que, divulgando-se tudo o que
delataram os empreiteiros e os executivos que compravam políticos, haverá uma
hedionda socialização na distribuição de lama. O PSDB ficará muito parecido com
o PMDB, que já não deve nada ao PT em matéria de perversão.
Considerando-se que Lula, com cinco denúncias nas
costas, pode ser condenado à prisão e à inelegibilidade, nenhuma situação é
mais dramática do que a do eleitor brasileiro. Alega-se que há políticos piores
e melhores. Argumenta-se que o pecado de alguns decorre de falhas estruturais
do modelo político, não de debilidades de caráter. O diabo é que todos os
gatunos vão ficando pardos à medida em que as delações da Lava Jato vão
ganhando as manchetes.
No caso do PSDB, o mais irônico é que o partido é
autor da ação que pode resultar na impugnação da chapa Dilma Rousseff – Michel
Temer. Apura-se, entre outras coisas, o uso de dinheiro roubado da Petrobras no
financiamento da chapa. Quer dizer: ao acorrentar-se a um governo que acusa de
trazer o vício no DNA, o PSDB reforça na plateia a sensação de que em política
nada se cria, nada se transforma. Tudo se corrompe.
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