quinta-feira, 11 de novembro de 2010



Países africanos devem delimitar suas plataformas continentais para garantir exploração soberana de riquezas, defende Jobim
Brasília, 11/11/2010 - A exemplo do Brasil, os países da África Ocidental devem realizar levantamento dos recursos existentes em suas plataformas continentais e pleitear a sua extensão até o limite de 350 milhas náuticas para garantir a exploração soberana de riquezas.
A medida foi defendida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante a XII Reunião de Ministros de Defesa da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), encerrada nesta quinta-feira (11/11). Jobim observou que, em razão da similaridade geológica existente entre plataformas marítimas brasileira e africana, é possível que exista também na costa africana riquezas semelhantes às encontradas no Brasil.
De acordo com o ministro, a ausência de delimitação das plataformas continentais dos parceiros africanos poderia, em tese, tornar legalmente factível que outros países obtenham direitos de exploração comercial dos recursos minerais situados nessa faixa. O ministro propôs estender aos países participantes da reunião a colaboração já oferecida a Angola no levantamento das respectivas plataformas.
Durante o encontro, Jobim também afirmou que, sintomaticamente, surgem no Atlântico Norte conceitos até então inexistentes como de "Bacia do Atlântico", e "compartilhamento de soberanias" englobando o Norte e o Sul do oceano. "O Brasil não endossa nenhuma dessas iniciativas", disse.
Para o ministro, os países da CPLP, irmanados em torno dos princípios de não ingerência, "saberão trilhar o caminho fraternal do respeito mútuo". Ressaltou que a CPLP representa espaço de interlocução fundamental para o fortalecimento da causa da paz e da justiça.
O vice-ministro de Defesa de Angola, Almirante Gaspar Rufino, manifestou o desejo de que o Brasil realize com sucesso as negociações para uma pauta comum de realizações com os demais países integrantes da CPLP.
A ministra de Defesa Nacional de Cabo Verde, Cristina Fontes, afirmou que a segurança marítima é assunto prioritário da agenda da CPLP, acrescentando que essa segurança deve ser garantida por meio de constante fiscalização.
Já o ministro de Defesa Nacional de Guiné-Bissau, Aristides Silva, considera necessária maior participação da CPLP em projetos de saúde e desporto militar e manutenção de paz.
O ministro de Defesa de Moçambique, Filipe Nyusi, destacou a necessidade de colaboração dos países da CPLP no que se refere á profissionalização das Forças Armadas. E salientou que é necessário também, no momento, a capacitação de recursos humanos das Forças Armadas e o desenvolvimento da indústria de defesa das nações que compõem a CPLP.
Citando a crise econômica, o ministro de Defesa de Portugal, Augusto Silva, considerou importante que as nações da CPLP realizem uma gestão racional dos poucos recursos disponíveis. Ele defendeu também um diálogo entre a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), os países de língua portuguesa e, ainda, os países da União Africana. Portugal, de acordo com Augusto Silva, se coloca à disposição para facilitar esse diálogo.
A defesa e a segurança são hoje instrumento para a paz, mas só a cooperação e as parcerias permitem o fortalecimento da paz e o desenvolvimento, disse o ministro de Defesa de São Tomé e Príncipe, Carlos Stock.
Já o secretário de Defesa de Timor-Leste, Júlio Pinto, agradeceu o apoio técnico e militar que o Brasil e de Portugal têm dado a seu país. O próximo encontro de ministros de Defesa ainda não tem data marcada. A sede desse encontro, no entanto, já está escolhida: será em Cabo Verde.
A Reunião realizada em Brasília terminou com a assinatura de quatro documentos:
1. Declaração Final da XII Reunião;
2) Declaração de Aprovação da Contribuição Financeira dos Estados Membros da CPLP para o Fundo Especial do Centro de Análise Estratégica (CAE);
3) Declaração sobre o novo Estatuto do CAE;
e 4) Aprovação deste Estatuto.
A programação do encontro, no Grand Bittar Hotel, iniciou-se na terça-feira (09/11) com o seminário sobre o funcionamento do CAE, e prosseguiu, na quarta-feira (10/11), com a III Reunião de Diretores de Política de Defesa Nacional. No último dia (quinta-feira, 11/11), os ministros de Defesa se reuniram para aprovar os assuntos discutidos pelo CAE e pelos Diretores.
Veja aqui a íntegra da declaração final do encontro.
Texto:Defesa

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